sábado, dezembro 19, 2009

A festa é sua.

Existe uma linha tênue entre a obrigação e a faculdade. Algo que nos é imposto, é feito com certo desprezo, porque o ser humano é, desde sempre, avesso àquilo que é pré-determinado. Seguir sempre as regras, geralmente, é uma agonia. Porém, o que não pode ser remediado, remediado está. E por mais que se aja com desprezo, a obrigação é cumprida.


Porém, quando falamos de faculdades, a coisa toma outro rumo. É muito mais complexo agir por mera liberalidade, eis que nunca se sabe que aquela decisão é a mais correta. Quando se é obrigado a agir de certa maneira e o ato acarreta em fracasso, a culpa não é nossa. Mas quando se abre uma gama de possibilidades à nossa frente e, justamente aquela escolhida acarreta em fracasso, o fracasso dói mais porque a escolha foi pessoal.


Se alguém me dissesse 'A festa é sua. Você deve voltar atrás e reviver tudo de novo.', eu certamente iria rir. Mas, como estaria sendo obrigada a reviver tudo de novo, tomaria rumos diferentes: Faria escolhas diferentes em determinadas situações, tomaria caminhos diferentes para não reviver certos eventos. Florearia meu passado e, hoje, não teria nada a reclamar.


Todavia (e aí está toda a diferença), se alguém me dissesse 'A festa é sua. Você pode voltar atrás e reviver tudo de novo.', eu não o faria. Não mudaria nada no meu passado: Minhas más escolhas, meus piores momentos, meus fracassos. Não que eu tenha lidado bem com todos os meus fracassos. Nem que tenha aprendido com eles, porque muitas vezes acabo cometendo os mesmos erros já cometidos no passado.


Acontece que a festa é minha, mas toda festa precisa de bons e maus momentos. Precisa ter todo mundo reunido e feliz na hora do parabéns, precisa ter alguém brigando no meio do salão, precisa ter um beijo roubado, precisa ter alguém chorando no canto, precisa ter um alguém falando besteiras e fazendo piadas e um bêbado lamentando-se da vida e dormindo no sofá, babando na almofada.


Eu não aprendi nada com a maior parte dos meus fracassos. Mas não trocaria meus fracassos por uma vida perfeita. Eu acredito que a perfeição é chata, sem graça e volúvel. Se a sua festa é perfeita, ela não tem motivo pra ser longa: Não é preciso fazer faxina, não é preciso levar os amigos bêbados com segurança para casa, não é preciso confortar aquele que chora, não é preciso apartar brigas. Mas na minha festa, há tanta coisa ainda a ser arrumada, tanta faxina a ser feita, que eu tenho certeza de que estou só no começo.


Então, que venha 2010 e 'vamo que vamo', porque a festa está só começando.

;)

segunda-feira, dezembro 07, 2009

Até morrer, eu sou.

Ser Flamenguista é comprometer-se em um casamento. Não, é mais do que isso. Existe entre o torcedor e o time uma fidelidade maior que no casamento. É uma cumplicidade. Somente o Flamengo pode fazer com que alguém seja fiel à promessa de amar para sempre, até que a morte os separe.


O Flamenguista é uma espécie rara. Poderia ser objeto de uma análise sócio-antropológica. O Flamenguista tem uma religião própria. Ele acredita em São Judas Tadeu e em Santo Arthur Antunes Coimbra. O Maracanã, em dia de jogo do Flamengo, é uma diplomacia de classes para comunista nenhum colocar defeito: São ricos, são pobres, são iguais, em torno de uma só paixão.


O Flamenguista detém a verdade absoluta de ser o mais querido. O Flamenguista sabe que é referência internacional: O Brasil é samba, praia e Flamengo. Só o Flamenguista tem a plena certeza de reconhecimento em qualquer lugar do mundo. Basta vestir a camisa.


Vestir a camisa. O Flamenguista sabe que é o décimo segundo jogador. O Flamenguista veste a camisa em todos os jogos (e entra em campo). O Flamenguista está na bola roubada, no drible e na defesa. O Flamenguista está empurrando o time em direção ao gol, o Flamenguista é uma muralha no campo de defesa, o Flamenguista é aquele que faz uma prece no momento do pênalti. Deus não resiste ao pedido de milhões, em uníssono.


O Flamenguista não pára. O Flamenguista, no Maracanã, produz mais energia que muita usina elétrica. O Flamenguista se entrega: Sofre, comemora, xinga e apóia. Sempre grita com maior intensidade. O Flamenguista sempre estará um nível acima.


Infelizmente, o Flamenguista nem sempre é bom com as palavras. Mas também, pudera: Ainda não criaram palavras suficientes para explicar esse tipo de paixão. Só o Flamenguista entende o real significado da expressão 'Flamengo até morrer, eu sou'.


(Christiane Leite)


- MEU FLAMENGO É HEXA. MERECIDAMENTE. -



[A Lei 9620/98 protege esse texto, independentemente de registro ou da maneira com a qual o autor se identifica]

quarta-feira, novembro 25, 2009

Papo mulherzinha I

Estava cá pensando com meus botões: Ou as pessoas andam muito sem criatividade ou não há nada novo para inventar. A tendência é pegar aquilo que foi modismo há tempos atrás, dar um nome pomposo e fazer virar o modismo da próxima estação.


Cheguei a essa conclusão quando estava falando sobre um sapato que eu havia visto uma menina usando. Um peep toe rosa choque.

- Rosa choque?
- Arram. Rosa choque.
- Amiga, não fala isso alto. 'Rosa choque' denuncia a idade.
- Ah é?
- É, rosa choque é coisa de anos 80. Hoje em dia é pink.

Pois é. A moda da estação é o tal do pink. Além do laranja, do roxo, do amarelo
fluorescente, aquelas cores que se usavam nos anos 80, que (graças a
Deus!
) foram abolidas nos anos 90 e que, agora (Deus me
livre!
) são a moda do verão 2010. Outro dia, dentro de uma loja,
esperando a vendedora passar meu cartão, assistia um desfile. Uma das modelos
vestia um blazer... com ombreiras! Fiquei aterrorizada. Não
bastou reinventarem a moda do balonê, agora querem recriar a
ombreira? Ah, não. Daqui a pouco estão querendo trazer de volta as
polainas.



Fato é que eu sou do tempo das saias balonês, das blusinhas com ombreiras, das combinações roxo-amarelo-verde-pink, sou do tempo em que se fazia ballet e aeróbica com polainas pra ficar parecendo a Jane Fonda (aliás, sou do tempo em que se ia pra tudo que era lugar de polainas).


Sou do tempo do sundae de abacaxi do Bob's, sou do tempo em que gloss era um batom melecado que vinha em potinhos e se passava com o dedo, sou do tempo do batom 'Rosa choque' da Helena Rubestein, sou do tempo que ninguém sabia o que era um hidratante Victoria Secret's e que o Leite de Aveia Davene era encontrado em 9 de 10 armários femininos.


Sou do tempo das calças de cintura alta, sou do tempo em que mulher usava camisa de malha pra sair. Sou do tempo em que pochete era fashion, sou do tempo em que Havaianas era 'coisa de pobre'. Sou do tempo em que toda adolescente tinha que ter uma calça de bali, um nauru e uma sandália de tiras de couro preto da Cantão no armário. E uma agenda da Chomp e prendedores de cabelo da Pakalolo.


Sou do tempo que todo mundo usava sabonete Phebo, sou do tempo da calça jeans semi bag, sou do tempo da mochila da Company. Sou do tempo em que se ia pra praia com bolsa da Pier e se chupava picolé dragão chinês. Sou do tempo de pular Carnaval em clubes ('pular' carnaval...? Alguém ainda 'pula' carnaval?), sou do tempo que Papai Noel chegava de helicóptero no Maracanã e o prefeito entregava a ela as chaves da Cidade.


E eu sou do tempo do rosa choque. Fazer o quê? Do mesmo jeito que pingüim pra mim sempre terá trema, o tal do pink sempre será rosa choque. Que seja atestado de anos 80, I don't care. Eu sou mesmo.


:)

quarta-feira, outubro 21, 2009

Do coração

Estava conversando com um amigo esses dias. Ele me perguntou como eu estava, o que andava fazendo...

- E o coração?
- Batendo, graças a Deus.
- Ninguém para provocar um arritmia?
- Não... Mas bem que às vezes eu acho que ando precisando, sabia?
- Todo mundo, até eu que não tenho um.
- Não tem um? Tem dois?
- Nenhum. Acho que tenho um fígado extra.


x . x . x


Eu tenho um coração. E um fígado. E basta um só de cada. O exagero, na maioria das vezes, torna a coisa meio sacal. Pensa bem: Se, tendo um só fígado, eu ajo como se o pobrezinho fosse resistente a qualquer coisa, imagina se tivesse dois fígados? Provavelmente eu seria a Heleninha Roitman uploaded version (se você tem menos de 25 anos e nunca ouviu falar dessa pessoa, google it.). A mesma coisa acontece se eu tivesse dois corações: Com apenas um coração, eu já faço burradas homéricas (depois eu falo "coração burro!", mas, na verdade, a burra geralmente sou eu, ele só sofre as consequências dos meus atos), imagine se eu tivesse dois corações? Eu seria a personificação da leviandade.



Porém, e se eu não tivesse um fígado? Acho que seria até sem-graça nunca ter sofrido dor no figado depois de passar uma noite inteira bebendo e rindo com os amigos. É aquele tipo de dor que dá, mas a gente acaba até dando um sorrisinho meio de lado, só de lembrar como foi divertida a noite anterior. Dor de ressaca (não de ressaca moral, porque essa é o inferno!), mas de ressaca divertida. Parece futilidade, mas alguém há de entender o que eu estou falando (ainda que seja só a Heleninha Roitman).



E se eu não tivesse um coração? Como eu saberia que um dia vou ter um ataque cardíaco, em plena arquibancada do Maracanã, assistindo um jogo mega tenso do meu Flamengo? Como eu saberia que dor de amor é a maior aflição que se pode ter, mas que passa quando menos se espera? Como eu saberia o que é um amor incondicional, aquela coisa que faz com que você dê sua própria vida pela vida de alguém que se ama? Como eu saberia o que é sentir o coração bater mais forte com uma coisa aparentemente boba, como um olhar? Como eu saberia o que é sentir uma saudade tão forte que aperta o peito até doer?



Na maior parte das vezes, eu não sei o que fazer com o meu coração. Sinto vontade, muitas vezes, de substituí-lo por um outro cérebro (vai que com 2 cérebros eu passe a pensar 2 vezes antes de agir...?). Mas de quê adianta ser tão absolutamente racional sem qualquer emoção? Para isso existem máquinas (e a maior tristeza do robô, não se esqueçam, é não ter um coração). O ideal é equilibrar cérebro e coração: A tal inteligência emocional. Mas se a inteligência emocional fosse conferida a todo mundo, o que seriam dos poetas, dos boêmios, dos amores platônicos, das novelas mexicanas...? Já dizia Fernando Pessoa, "só as criaturas que nunca escreveram cartas de amor é que são ridículas".



[ Quanto ao meu fígado, eu não sei o que fazer, mas ao menos sei o que não fazer: Não doá-lo quando eu morrer. Ninguém merece dor no fígado pós-ressaca por culpa de uma defunta. ]


:)

domingo, outubro 04, 2009

Padronização

Posso dizer uma coisa, com a mais plena e absoluta certeza, ainda que não concorde um milímetro com a futilidade dessa certeza: Garota, nunca duvide do poder de um salto 'a mais' e de uns quilos 'a menos'.


É uma constatação da ditadura do padrão que seguimos hoje. Se não há encaixe em qualquer padrão (qualquer que seja, seja ele de cultura, de beleza, de comportamento), há a grande possibilidade de ser visto como um alien. Na pior concepção da coisa. Uma pessoa pode ir para o mesmo lugar, vestindo a mesma roupa, mas vai fazer uma baita diferença se um dia ela for com um salto alto e com 3 kgs a menos e no outro ela tiver 3 kgs a mais e uma rasteirinha no pé. Besteira? Também acho. Mas isso é fato e eu não estou contando por 'ouvir dizer', estou dando um testemnho ocular.


Aí depois de ver o "guru" Mr. Catra cantando que 'uma gordinha faz muito mais na cama que uma magrinha' e que 'quer me seguir, bota um chip na minha p...'; de ver uma menina subindo no palco para dançar funk com um microvestido que ela levantava até a barriga toda hora (e não era 'sem-querer', ela levantava e caía na risada); de presenciar o diálogo "-Você vai ficar com esse cara? Ele é tão inferior a você, não tem cultura, nada a ver!' como se um beijo fosse uma promessa de casamento, eu percebi que eu sou um alien.


Posso estar incluída no padrão de comportamento (com alguns deslizes, senão perde a graça) e de cultura (repare que sequer me incluí no padrão de beleza, sou consciente), mas muitas vezes eu olho em volta e me pergunto de quê planeta vieram certas pessoas. Todavia, esses 'comportamentos' estão tão bem estruturados num padrão (ainda que não seja de um padrão de alto nível), que eu me pergunto de quê planeta eu vim e o que eu estou fazendo perdida por aqui.


Infelizmente, a cultura atual é repleta de padrões de aceitação. Na verdade, determinadas situações exigem um determinado padrão e isso faz com que uma pessoa possa ser tantas e tantas ao mesmo tempo. A versatilidade pode ser interessante. Mas é sacal não se saber exatamente, entre tantas pessoas que uma só pessoa pode ser, qual delas ela é, de fato.


OK, sinto que estou me enrolando. Efeito de (muito) álcool, um pouco de Quintana e sono atrasado nas idéias. Mesmo porque (e aqui eu confesso), chegar às 06:20 da manhã, comer cachorro-quente na rua de café-da-manhã, sentir-se um caco de tanto dançar e acordar às 14:00 da tarde pode não ter preço. Essa vida 'normal' tava me fazendo falta.


:)

terça-feira, setembro 29, 2009

First sight

Eu não costumo corresponder àquela máxima de que 'a primeira impressão é a que fica'. A primeira impressão que as pessoas costumam ter de mim geralmente são erradas. Algumas vezes eu cuido de provar que não sou o que pensam. Outras vezes eu ignoro solenemente a opinião alheia. Fato é que eu raramente sou passível de rotulação.


Quem me vê nos finais de semana andando de short jeans, baby-look e
Havaianas talvez não imagine que sou advogada há 4 anos e que tenho 3
pós-graduações.

Quem me vê todo dia de tailleur e salto alto talvez não imagine que eu
jogava bola com os meninos, que eu quase fui jubilada da faculdade e que eu já
tenha ido à muito baile funk no Salgueiro.

Quem me vê numa mesa de bar, rindo, contando piada e falando besteira
incessantemente talvez não acredite se eu disser que fiz balé profissional,
sapateado, que falo inglês e francês, que muitas poesias minhas já foram
publicadas e que já fui 2º lugar num concurso internacional de poesia.


A primeira impressão é, na verdade, uma impressão preguiçosa. É um julgamento que se faz sem conhecimento de causa algum. Só se fiam nesse 'julgamento prévio' aqueles que, por preguiça ou indiferença, não se dispõem a conhecer algo em todos os seus aspectos. Esses são os que mais perdem, afinal, 'pré-conceitos' não estão com nada.


Há quem acredite que a vida é uma faca de dois gumes. Prefiro acreditar que a vida é um grande e indefinido caleidoscópio.

:)

segunda-feira, setembro 21, 2009

Impotentes, uni-vos!

Não vou entrar no mérito da questão, afinal eu faço isso o dia inteiro (e ganho para isso). Mas às vezes sinto medo de, um dia, ser obrigada a advogar em determinados processos.


Leia: http://bit.ly/vy6fl


Aí você me explica onde, no meu íntimo, eu buscaria profissionalismo suficiente para brigar pela necessidade de uma prótese peniana em face da impotência pós-cirurgia de próstata de um paciente? Como eu diria, muito seriamente, que a impotência é algo absolutamente normal, dada a idade avançada do paciente? Com que cara eu julgaria um processo desses afirmando, como fez o desembargador-relator, que a atividade sexual é uma necessidade básica?


Desculpem-me. Eu sei que parece horrível da minha parte. E realmente é. Mas eu assumo: Eu não conseguiria mesmo conter algumas risadas. Sou ótima profissional, mas... C'est trop fort!

:)

sábado, setembro 12, 2009

Meu dia em numeros

Uma reunião com a 'cúpula' da empresa de telefonia para a qual advogo.
Dois dias de ausência injustificada da estagiária.
Três diligências de cartório que EU fui fazer, já que a estagiária faltou.
Quatro sentenças para analisar, sendo uma delas de R$9.000,00
Cinco execuções de sentença não cumprida, sendo uma execução de R$ 36.000,00
Seis petições de chamamento do feito à ordem.
Sete minutos para ferver água no microondas, despejar um saquinho de sopa instantânea e tomar: Unica coisa que comi durante o dia.
Oito contestações para fazer.
Nove e meia da noite: Horário que saí do escritório.
Dez audiências que farei em Campo Grande na segunda-feira.


Passa amanhã.

- Don't feel sorry for a lawyer.
[ B.P. @ Sleepers ]

sábado, agosto 29, 2009

- Pra quem me odeia --- Fernanda Young

'Eu te amo. É seu ódio que me dá forças para continuar.

Sei que você vive falando de mim por aí, e esse tipo de propaganda boca a boca não tem preço. Todos ficam interessados em conhecer uma pessoa tão o oposto de você.

Você poderia estar fazendo outras coisas- cuidando da sua vida, dedicando-se ao seu trabalho, estudando um pouco. Mas não: Você prefere gastar seu tempo me detestando. Não sei nem se mereço tamanha consideração.

Prometo não mudar, principalmente nos detalhes que você mais detesta. Prometo jamais te responder à altura quando você fizer grosseria comigo. Pois sei que isso te faria ficar feliz com uma atitude minha, sendo uma ameaça para o sentimento tão puro que você me dedica.

Prometo que se algum dia, você deixar de me odiar sem motivo, mesmo assim continuarei te amando. Porque eu não sou daquelas que esquece de quem contribuiu para seu sucesso.

Pena que você não esteja me vendo neste momento, pois veria o meu sincero sorrisinho agradecido - e me odiaria ainda mais.'



Mais certo, impossível.
A inveja alheia é uma grandeza proporcional ao sucesso do invejado. Fato.



P.S.: Não sei se esse texto é realmente da Fernanda Young, afinal, é mais um daqueles textos que a gente encontra na rede. Porém, achei melhor dar os créditos como encontrei.

quinta-feira, agosto 13, 2009

Mentiras sinceras

Eu sou dada a criar desculpas criativas para justificar meus próprios erros. Como reduzir uma certa nuance da minha personalidade a um alter ego para justificar o fato de, tantas vezes, eu me sentir um fracasso. O lance é admitir as falhas e life goes on.


Fato é que eu não sei exatamente quem eu sou. É impressionante como eu sou capaz de descrever as pessoas com exatidão (nem tanta exatidão, na maioria das vezes), mas acho tão dIfícil me descrever. Sério, vai lá no orkut e dá uma olhada no meu perfil. Não há descrição de mim. Eu me acho um grande ponto de interrogação.


Só sei de uma coisa: Eu sou sincera. Sincera até demais. Você sabe, tudo que é exagerado, não dá certo. A mentira é o caos necessário à vida pacífica. Diplomacia, essa é a palavra. Entretanto, eu vou além da diplomacia. Eu não sou diplomática. A minha sinceridade exacerbada ainda acaba comigo.


Na verdade, eu sei o que acontece: Minha boca é mais rápida que meu pensamento e, quando eu penso "eu não devo falar isso", tchuns!, já falei. Sempre achei um charme aquelas mulheres misteriosas que parecem que guardam um mundo de segredos dentro de si. Eu não. Eu falo, eu grito, eu me exponho. Eu sou transparente, eu sou aquela pessoa que você olha e sabe exatamente o que ela está pensando. Mas o pior de tudo é que, mesmo quando eu não consigo demonstrar o que eu sinto, eu falo, eu escrevo, eu me jogo de cabeça. Pronto. Acabou a graça.


Eu preciso calar minha boca e não me expor tanto. Eu preciso aprender que Kinder Ovo sem surpresa é só chocolate. Fato.


segunda-feira, agosto 10, 2009

Choices

Fiquei pensando ontem em várias coisas para escrever, porém nada se desenvolvia. Podia ser só cansaço, falta de inspiração ou efeito póstumo de cachaça nas idéias, mas nenhum assunto se desenvolvia na minha mente. Tanto é que hoje, quando abri o twitter, vi que escrevi uma frase lá ontem que merece ser desenvolvida (mas que não foi de fato). Escrevi "É tudo uma questão de escolhas: Você é o que você escolhe ser."


Ninguém surge no mundo com uma personalidade definida e traços bem delineados. Essas coisas são adquiridas com o tempo e com o convívio com o resto do mundo. A gente tem a oportunidade de escolher ser exatamente o que queremos ser. Não concordo plenamente com a idéia de que o homem é fruto do seu meio. Apesar de não discordar totalmente, acho que somos mais fruto do que pretendemos ser. Ainda que a pretensão não seja alcançada, a pessoa torna-se um espelho daquela pretensão.


É, está filosófico demais. O que quero dizer é que você é aquilo que você mostra pro mundo. E por quê isso? (acho que esse por quê não tem mais acento circunflexo, mas eu sou velha e estou reaprendendo a escrever depois da reforma ortográfica, então mereço um desconto). Porque eu descobri que, de um certo modo, tenho um alter ego.


Alter ego ou alterego (do latim alter = outro ego = eu) pode ser entendido
literalmente como outro eu, outra personalidade de uma mesma pessoa. O termo é
comumente utilizado em análises literárias para indicar uma identidade secreta
de algum personagem ou para identificar um personagem como sendo a expressão da
personalidade do próprio autor de forma geralmente não declarada.Para a
psicologia, o alter ego é um outro eu inconsciente.[Fonte: http://www.wikipedia.com.br]



Percebi que eu posso ser uma pessoa extremamente explosiva, determinada, corajosa, sem medo do ridículo. Que eu posso ser independente e com um ímpeto de falar tudo o que eu penso e fazer tudo o que me parece bom, sem receio ou pudor. Mas isso tudo, na verdade, não é Christiane Leite. Não é sequer a Chris. Isso tudo é coisa da Crinha. A Crinha é ativa, é cara de pau, é sincera: "Eu só digo o que penso, só faço o que gosto, e aquilo que creio."


Nada contra. Mas até a sinceridade, que é um dos pilares da integridade de uma pessoa, deve ser dosada. E a Crinha exagera, chega a ser sacal. É por isso que (não sei se repararam) eu eliminei a Crinha daqui. Principalmente, tirei a assinatura "Crinha" dos posts, afinal, quem escreve aqui sou eu, não ela. Perfil do orkut, twitter, enfim. A Crinha só ficou mesmo onde não dá pra tirar (ou por costume ou por não conseguir mudar mesmo -como em endereços de email). Não que eu vá conseguir eliminar qualquer vestígio desse alter ego abusado e com um quê de "non sense". Mas, como eu disse, nós somos aquilo que mostramos ao mundo. E agora eu quero ser menos Crinha e mais Christiane.


Engole o choro. Provavelmente um dia ela voltará de algum canto escuro da minha alma. E com a força que ela tem, esse dia pode ser muito muito muito em breve.


:)

segunda-feira, agosto 03, 2009

Carta nº 1

É isso, garota.

Num dia a gente sofre, no outro a gente aprende e no seguinte, já está apta a passar a experiência adiante.

A gente cai, se ergue, cuida do machucado até que ele se torne somente mais uma marca e avisa pra quem vem atrás tomar cuidado para não cair também. E se cair, a gente passa a receita de como cuidar do machucado.

Sofrer por amor é comum. Se não fosse tanta dor, poderia até ser banal. Afinal, quem nunca sofreu? É inerente ao ser humano. Inevitável.

E que não venham nos falar que "amor que é amor, jamais acaba". Mania dessas pessoas de duvidarem do que sentimos... A gente sabe que amou, a gente sabe o quanto amou e a gente sabe como dói ter que deixar de amar. Mas, por todos os clichês do universo, é preciso aprender que a vida segue.

Acabou, garota? Chore. Desabe. Sofra. É o caos necessário. É preciso extirpar toda a dor. Você pode até esconder do mundo o tanto que você sofre, mas jamais vai poder esconder de você mesma.

Vai ter um dia que você vai pensar "eu quero morrer, não dá pra viver assim". Realmente não dá. Mas passa. Juro. Eu também não acreditava, porém, foi a maior verdade que ouvi. Passa. Voltando aos clichês, um belo dia você vai acordar e se dar conta que assim, do nada, passou. E você vai se achar tola por um dia ter pensado em morrer. Não seja cruel em seu auto-julgamento. Tem certas torturas que realmente nos fazem preferir a morte. Entretanto, só quem sobrevive sabe como é viver depois de vencer desafios.

Cá entre nós (e que não me leiam!): Ainda que tenha passado, a saudade vai bater. Não uma, mas várias vezes. No início vai bater e vai fazer com que seu peito doa e as lágrimas escorram. Mas depois a saudade vai abrandando e uma hora você vai perceber que é somente nostalgia. É como a saudade que você tem da infância: Bons tempos que foram intensamente vividos, mas que fazem parte do passado.

A saudade vai bater quando você escutar aquela música, ou quando você arrumar suas gavetas e encontrar aquela carta cheia de amor. A saudade vai bater quando você estiver procurando por uma foto no seu computador pra colocar no orkut e se deparar com aquela foto que vocês bateram naquela viagem que parecia uma lua-de-mel. É possível que você chore. Mas se chorar, que seja somente pela saudade e não pela ausência. É aí que estará toda diferença.

O quanto você puder (e quiser), desabafe. Uma pessoa, que sequer intima minha era, disse pra mim, no auge do meu sofrimento, que era bom conversar. Colocar tudo pra fora pra que estivesse disposto a ouvir. Eu digo mais: Guardar uma dor para si é como tomar uma taça de veneno e não cuspir. Aquilo vai te fazer mal; afinal, toda mudança vem de dentro pra fora.

Pode parecer díficil no início, mas aprenda com tudo. Um dia alguém vai precisar do seu ombro (e da sua experiência). Tudo serve de aprendizado. É mais um clichê, mas quando se fala de dor de amor, o que não é clichê?

Tem mais: Se, depois de tanto tempo, você ainda sente uma pontinha de dor quando vê aquela pessoa com outra e não com você, não se culpe. Somos humanos. Porém, não somos donos. A vida segue para a outra pessoa também.

Com amor,
Christiane


domingo, julho 19, 2009

Não sou feliz nem triste: Sou poeta.

Estava assistindo pela milésima vez, ontem, o DVD do filme "Sociedade dos Poetas Mortos". Se existe aquele lance de "a música da minha vida", posso dizer que esse é o filme da minha vida. Eu sinto necessidade de assistí-lo de tempos em tempos com a mesma necessidade que sinto de pegar meu "Mensagem" do Fernando Pessoa e reler pela milésima vez.


Percebi que limitar-me a assistir audiências e ler somente peças processuais faz com que eu me esqueça do que eu realmente sou. Porque eu não nasci advogada, mas nasci poesia. E eu preciso mesmo de uma carga de poesia na minha vida (seja vendo um filme ou lendo um livro) para que eu me lembre quem eu sou, de fato.


E só para não perder de novo essa consciência do que eu sou de fato, estou assistindo o DVD do documentário sobre Vinícius. Afinal de contas, amanhã começa mais uma semana para a advogada.


See ya.


sábado, julho 18, 2009

Eu quero meu exemplar!

Tenho um conselho valioso para dar aqui:

Se você acabou de conhecer um rapaz, ficou com ele algumas vezes e já está começando a imaginar o dia do seu casamento e o nome dos seus filhos, pare agora e me escute! Na próxima vez que encontrá-lo, tente disfarçadamente descobrir como é sua barriga. Se for musculosa, torneada, estilo "tanquinho", fuja! Comece a correr agora e só pare quando estiver a uma distância segura. É fria, vai por mim.

Homem bom de verdade precisa, obrigatoriamente, ostentar uma barriguinha de chopp. Se não, não presta. Estou me referindo àqueles que, por não colocarem a beleza física acima de tudo (como fazem os malditos metrossexuais), acabaram cultivando uma pancinha adorável. Esses, sim, são pra manter por perto. E eu digo por quê.

Você nunca verá um homem barrigudinho tirando a camisa dentro de uma boate e dançando como um idiota, em cima do balcão. Se fizer isso, é pra fazer graça pra turma e provavelmente será engraçado, mesmo. Já os "tanquinhos" farão isso esperando que todas as mulheres do recinto caiam de amores - e eu tenho dó das que caem.

Quando sentam em um boteco, numa tarde de calor, adivinha o que os pançudos pedem pra beber? Cerveja! Ou coca-cola, tudo bem também. Mas você nunca os verá pedindo suco. Ou, pior ainda: Um copo com gelo, pra beber a mistura patética de vodka com "Clight" que trouxe de casa. E você não será informada sobre quantas calorias tem no seu copo de cerveja, porque eles não sabem e nem se importam com essa informação.

E no quesito comida, os homens com barriguinha também não deixam a desejar. Você nunca irá ouvir um "ah, amor, `Quarteirão´ é gostoso, mas você podia provar uma `McSalad´ com água de coco". Nunca! Esses homens entendem que, se eles não estão em forma perfeita o tempo todo, você também não precisa estar. Mais uma vez, repito: não é pra chegar ao exagero total e mamar leite condensado na lata. Mas uma gordurinha aqui e ali não matará um relacionamento. Se ele souber cozinhar, então, BINGO! Encontrou a sorte grande, amiga. Ele vai fazer pra você todas as delícias que sabe, e nunca torcerá o nariz quando você repetir o prato. Pelo contrário, ficará feliz.

Outra coisa fundamental:
Homens barrigudinhos são confortáveis !

Experimente pegar a tábua de passar roupas e deitar em cima dela. Pois essa é a sensação de se deitar no peito de um musculoso besta. Terrível!

Gostoso mesmo é se encaixar no ombro de um fofinho, isso que é conforto. E na hora de dormir de conchinha, então? Parece que a barriga se encaixa perfeitamente na nossa lombar, e fica sensacional.

Homens com barriga não são metidos, nem prepotentes, nem donos do mundo. Eles sabem conquistar as mulheres por maneiras que excedem a barreira do físico. E eles aprenderam a conversar, a ser bem humorados, a usar o olhar e o sorriso pra conquistar... É por isso que eu digo que homens com barriguinha sabem fazer uma mulher feliz.

:)

quarta-feira, julho 08, 2009

Primeiras impressões de 26 anos.

A primeira impressão que eu tive dos meus 26 anos foi exatamente como eu imaginava: Olhei pra minha afilhada e lembrei que (pasmem!) um dia aquela menina sociopata foi um doce bebê no meu colo. Olhei pra minha outra afilhada (essa, por adoção) e lembrei que aquele neném fofo que tomava mamadeira no meu colo uma porção de vezes é a mesma garota que vai pra night comigo. Agora estava lendo o blog do meu primo [http://hiperlativo.blogspot.com] e lembrei-me de quando ele era um geniozinho que contava até 100 com 3 aninhos.


Só tem uma coisa de diferente do que eu imaginava sobre a minha primeira impressão de 26 anos e com a real impressão: A impressão real, apesar de me dar um sentimento de "putz, como estou velha", não é ruim. Pelo contrário: Fico toda orgulhosa de ter contribuído, de alguma forma, para que eles sejam o que são hoje. Sabe orgulho de mãe? É por aí.


Amor incondicional, bicho. Faz até a velhice parecer bacana.
;)

domingo, junho 28, 2009

Meus últimos dias com 25.

Até hoje eu sempre me vislumbrei mais perto dos 20 anos.


Na verdade, acho que a grande maioria começa a se importar mesmo com idade quando chega perto dos 18 anos. É a idade da liberdade, da redenção. Teoricamente, é com 18 anos que se pode entrar em boates à noite, é com 18 anos que se pode dirigir. Teoricamente, claro. Muitas coisas são feitas antes dos 18 anos, outras até depois dos 18 anos. Mas enfim: É a tal idade.


Desde os meus 18 anos eu me vejo mais perto dos 20 anos do que dos 30 anos. Porém, agora, prestes a fazer 26 anos, passo a me ver mais perto dos 30 do que dos 20. Quando eu era criança, eu costumava dizer que com 26 anos eu estaria casada, com 3 filhos e rica. Já passei por planos de casamento, já revi a idéia de ter tantos filhos e estou longe de ser rica. Por que a vida não pode ser uma brincadeira de casinha?


Pode ser por estar mais perto dos 30, pode ser pelo inferno astral, pode ser por nada disso. Mas ando meio Quintana, meio pensadora e muito mais racional. Porque toda moeda tem dois lados. Mas eu estou mais para prisma: Vários lados. É só escolher aquele que melhor agradar.


:)

sábado, junho 20, 2009

Auto-crítica #1

Ás vezes penso que jamais poderia ser terapeuta. Há certas nuances do comportamento humano que jamais conseguirei entender. Ainda bem que ganho para interpretar leis, porque se fosse para interpretar pessoas, eu estaria falida.

Como psicóloga, eu seria ótima veterinária.

That's it.

[ beijo-tchau, pois tequilas me aguardam. ]

segunda-feira, junho 08, 2009

Monitorada.

Andei recebendo uns emails muito esquisitos. O conteúdo não importa, afinal, iria me expôr e acabar expondo uma terceira pessoa que, apesar de não acreditar, tem tudo a ver com a situação. O importante é que, a despeito da descrença dessa pessoa, eu consegui descobrir o rementente dos tais emails. E descobri que a pessoa segue minha vida como se isso fosse um ritual: Sabe para onde eu irei no final de semana, sabe o que eu faço da vida, talvez saiba mais do que eu ando fazendo do que minha própria mãe.


Primeiro, achei aquilo meio absurdo. Uma invasão de privacidade total. Porém, depois de analisar e ver que eu não me dou ao luxo de ter privacidade a partir do momento que coloco o que ando fazendo e o que pretendo fazer em blog, twitter, fotolog e orkut, não achei mais tão absurdo. Mas aí achei que auilo era uma baita de uma falta do que fazer: Viver a própria vida é mais recompensador do que acompanhar a vida dos outros.


Pensando nisso, e para facilitar a vida de quem quer saber tudo de mim, peguei essa lista no blog de alguém e preenchi. São 30 coisas que poucas pessoas sabem sobre mim e sabarão agora. Foi divertido fazer e eu aposto que muita gente que pensa que me conhece bem pode se surpreender com certas coisinhas. Portanto, divirtam-se!


1. Nunca pintei o cabelo com tinta, mas já pintei com papel crepom quando era mais nova.
2. Poemas que escrevi já foram publicados sem creditar autoria à minha pessoa.
3. Eu não gosto de maçã vermelha, mas adoro maçã verde.
4. Eu já quase fui presa.
5. Sou louca por buginganga de papelaria.
6. Já quase apanhei em audiência.
7. Meu quarto é azul e branco com cinco armários e muitas fotos espalhadas.
8. Quando eu era mais nova, tentei me matar tomando 2 aspirinas.
9. Eu tenho uma calopsita chamada Sophia Loren Leite.
10. Eu não sou chegada a chocolate, mas adoro frutas.
11. Fui um moleque quando criança.
12. Já fiz mapa astral e descobri que meu signo é Câncer, meu ascendente é Câncer, minha lua é em Câncer, meu Sol é em Áries (e eu não faço idéia do que isso significa).
13. Já joguei búzios e descobri que meu orixá é Iansã.
14. Sou viciada em miojo.
15. Já fiz ballet, jazz e sapateado.
16. Já caí da arquibancada do Maracanã em pleno Fla X Flu.
17. Já estive várias vezes em cima de um palco.
18. Já tirei 2 tumores da tíbia.
19. Meu perfume é o Amber Romance, da Victoria's Secret.
20. Quase fui jubilada da faculdade.
21. Meu livro predileto é "O Menino do Dedo Verde", de Maurice Druon.
22. Já fiz escova progressiva e me odiei por isso.
23. Só uso escova de dente comprida.
24. Já parei algumas vezes, mas fumo desde os 16 anos.
25. Já chorei pelo Flamengo.
26. Adoro comidas estranhas : Club Social com banana, arroz com maionese, macarrão com feijão...
27. Sinto agonia ao ver alguém esticando elástico, bolas de encher etc.
28. Não sei cozinhar, nem lavar, nem passar. Casando comigo, contrate uma empregada.
29. Já quis morrer de tanto sofrer.
30. Sonho ver neve.

Então é isso.

[ Deus deu 24 horas por dia para cada um cuidar de sua própria vida, mas tem quem faça hora extra cuidando da vida alheia. ]

Beeeeeeijo! *

sábado, maio 16, 2009

Quando eu crescer

Quando eu era criança, tinha bem definida em mente a resposta à pergunta que os adultos sempre fazem: "O que você quer ser quando crescer?". Não querendo dar uma de Antoine Saint-Exupery em "O Pequeno Príncipe", mas se tem algo imbecil nos adultos é essa mania de achar que uma criança de 5 anos sabe exatamente o que será quando crescer. Convenhamos, tem gente aí já beirando os 50 anos que ainda não sabe.


Lógico que a criança sabe o que quer ser. Eu dizia que queria ser advogada-professora-escritora-bailarina. Sabia que jamais seria uma arquiteta, já que mal sabia desenhar, nem uma médica, já que odiava ver sangue. No fim das contas, parei de fazer balé ao começar o nível profissional, o que já me dá uma margem do "quase cheguei lá" nesse aspecto. Escrever... Bom, sempre escrevi e nunca deixei de escrever, o que, no sentido literal, faz de mim uma escritora. Não uma autora famosa, mas uma escritora. Aos 17 anos formei-me como professora, comecei a dar aulas e vi que aquilo não era pra mim. Acabei abandonando, mas a formação curricular de professora continua lá. E advogada... Essa sim é a profissão que exerço e o caminho que escolhi. Não seria realizada fazendo outra coisa, nem sendo advogada-professora-escritora-bailarina.


Porém, lembro-me que refleti muito se era Direito mesmo que marcaria no papel nos editais de incrição no vestibular, quando adolescente. É difícil para um adolescente fazer opções, que dirá escolher aquela que -supostamente- será sua profissão e seu meio de sobrevivência pro resto da vida. Pensava em optar por História ou Ciências Sociais. Olhava para a lista de carreiras e me perguntava como alguém poderia optar por Física. Mas acabei escolhendo Direito em todas as inscrições de vestibulares: Algo em mim dizia que aquele era meu destino, se é que destino existe.


Quando me formei na faculdade, há 4 anos atrás, enveredei de cara em um longo curso para Defensoria Pública. Imaginava que seria um jeito de exercer a advocacia e ganhar muito bem para isso. Porém, estava errada. Não era aquilo que eu queria. Eu não queria defender casos fáceis, eu não queria fazer o contato pessoal defensor x cliente. Nada pessoal, mas vi que a minha onda é outra: São os grandes desafios. É a possibilidade de conseguir o impossível, de atingir o inatingível. De descobrir brechas legais para defender o indefensável. E foi aí que descobri: Eu quero ser Juíza. No mínimo, promotora.


Na verdade, quase nunca temos plena e absoluta certeza do que queremos ser. Mas, em geral, sabemos exatamente o que não queremos ser. Uma das poucas certezas que eu tenho é que eu não irei mais crescer. Porém, do alto dos meus 1.62m, eu digo, humildemente, que todos os planos que tenho a realizar podem ser mudados da noite pro dia. Porém, tenho a convicção de que, aquilo que jamais farei, aquilo que jamais serei e aquilo que jamais escolherei -sejam elas ser arquiteta, médica, física ou Defensora Pública- essas sim, são imutáveis.

:)

domingo, maio 03, 2009

O Surto - Fase I

Desde segunda-feira eu pressenti que isso aconteceria, uma hora ou outra. Eis que quinta-feira eu surtei: Estafa, cansaço mental, estresse, pressão. Vontade de gritar, de jogar tudo pro alto e confessar que eu não daria conta de um cargo tão importante. E vontade de chorar, diante do suposto fracasso.

Porém (e esse "porém" é muito importante!) eu tenho amigos que, ao mero sinal de que eu precisava de apoio, vieram em meu socorro. Disseram-me que confiam em mim e que têm certeza que tenho potencial para o cargo investido. Era só o que eu precisava. Hoje estou aqui, com mais da metade das coisas que trouxe pra fazer em casa já prontinhas. \o/

É preciso olhar profundamente para compreender que aquela pessoa que sempre oferece o ombro, às vezes também precisa de apoio, de suporte. Não precisou muita coisa além de um "eu confio em você" para eu tomar meu rumo novamente. Mas, naquele momento, era tudo o que eu precisava dos meus amigos.

Agora, sai da frente que atrás vem gente. Depois da injeção de apoio que tive esses dias... Ninguém me segura! :)


- Obrigada aos amigos que me ajudaram. Vocês nem fazem idéia do quão importante essa ajuda foi. -

quarta-feira, abril 22, 2009

A balança e eu

Eu não me peso mais. Só me peso quando eu vou ao médico ou quando tenho absoluta certeza que perdi (emagreci, porque o que se perde, é possível ser encontrado) alguns quilos. Eu nunca tive um caso de amor com a balança. Na verdade, nunca tive nenhum caso com ela. A gente se tolera quando precisa se enfrentar. No mais, sou eu de um lado e ela, do lado oposto. Distante, de preferência.


Por que isso? Porque ela mente. Ela me engana. Eu faço dieta da lua, dieta das ervas, dieta dos líquidos, dieta do escambau. Visto uma calça que fica mega-larga em mim. Resolvo me pesar, afinal, calça larga é sinal de pneus esvaziando. Quando subo, a infeliz me informa que continuo pesando o mesmo que antes. Até mais.


Toda mulher sabe que a melhor informante de que se está emagrecendo é a calça jeans. Aquela calça jeans. Não pode ser qualquer uma. É aquela. Aquela que só fica bem quando se está com peso razoável. Aquela que é jogada no chão com toda raiva do universo quando é vestida e fica marcando aquela gordurinha no cós (principalmente depois de comer muitos chocolates de Páscoa). É aquela calça jeans que vai deixar uma dor enorme no coração ao provar que -oh meu Deus!- os chocolates fizeram o peso aumentar.


E foi isso que aconteceu comigo há uns dias atrás: "A" calça jeans não ficou tão perfeita quanto costuma ficar. Quase chorei. Pensei na porção de chocolates que ainda tenho por aqui e resolvi liberar minha mãe para comer os que ela quisesse. Lembrei que tenho uma revista "Boa Forma" com uma matéria com a "Nova Dieta dos Pontos" (é mole de fazer, eu fiz durante menos de 1 mês e perdi 1 kg), peguei e vou começar a partir de amanhã. Aquela calça jeans vai voltar a ficar perfeita, ah se vai.


Cumpre frisar que, nesta época de dieta, eu fico mais sensibilizada (leia-se "intolerante"), mais ansiosa (leia-se "impaciente") e mais ciclotímica (leia-se "bipolar até dizer chega"). Portanto, mantenha distância defensiva e vamo que vamo!

:)


P.S.: Acho que agora o blog ficou como eu queria. Êêêê! \o/

terça-feira, abril 21, 2009

\o/

Tomei uma surra para fazer uma coisa que, para muitos, pode parecer super básica: Personalizar um pouco mais o meu blog.

Não, ainda não está exatamente do jeito que eu quero. Então, desde já deixo meu apelo a quem possa fazer um layout mais bonitinho e organizadinho. Não desisti de colocá-lo do jeitinho que imaginei. Mas o caminho é esse.

:P

sábado, abril 11, 2009

Considerações Freudianas

Eu não assisto muitos programas de TV. Aliás, ela geralmente é ligada para assistir filmes em DVD e jogos de futebol. Desta forma, eu não sei quais são as novelas que estão no ar atualmente, eu não vejo a cara do William Bonner há milênios, eu não vejo mais "A Lagoa Azul" na Sessão da Tarde (ainda existe?). Consequentemente, eu não assisti o BBB, o que é normal, já que acho uma baita palhaçada. Porém, como minha mãe é tarada por BBB, às vezes ela fazia com que meu pai e eu assistíssemos, contando, nos intervalos, a história de cada um dos participantes.


Nem precisava. As personalidades no BBB são extremamente bem definidas. Não é um jogo da vida real porque ninguém na vida real toma banho de roupa de praia e se veste debaixo de edredom. Ninguém na vida real acorda maquiada, ninguém na vida real faz xixi com uma câmera te bisbilhotando. A vida real é mais simples. E é por isso que as personalidades são tão bem definidas: Porque não há como esquecer que aquilo não é vida real.


Contudo, pelo que me consta, nas edições anteriores o povo optou por dar vitória àquele participante mais humilde ou mais excluído de alguma forma. Uma forma de hipocrisia, lógico. Uma forma de mostrar que existe solidariedade àquelas pessoas mais necessitadas, porém, nem sempre mais merecedoras. Enfim. A primeira coisa que minha mãe contou do carinha que ganhou essa edição, o Max, é que ele já entrou no programa dizendo que jogaria o tempo todo. Enquanto todo mundo dizia que levaria uma vida normal, ele explanava que ia jogar o tempo todo. E foi isso que ele fez. E pior: Foi desse jeito que ganhou.


O que me leva a crer, afinal, que o povo que vota (eu detesto quando dizem "o povo brasileiro escolheu Fulano!" porque eu nunca gastaria meu precioso tempo votando em BBB e não gostaria de ser representada como tal.) mudou a mentalidade. Se antes havia a idéia de solidariedade, agora vangloria-se a esperteza. Se você é esperto o suficiente para saber jogar, parabéns. Independentemente da sua trajetória, do seu caráter e da sua personalidade, você merece ganhar o prêmio.


O mundo é dos espertos, isso eu sei. O lance é que o povo perdeu a vergonha de admitir isso. Agora que tá explanado, agora que premia-se a esperteza, por quê manter uma personalidade honesta? O lance é ser safo e vamo que vamo.


:)

domingo, março 08, 2009

Dia Internacional da Mulher

Para mim, "Dia Internacional da Mulher" é uma tremenda palhaçada. Tá bom que o intuito do dia, na época que foi "proclamado" (e aclamado) é totalmente válido: Na época, as mulheres eram tratadas diferentes do homens não só costumeiramente, mas também legalmente.


E então vieram as bruxas queimadas em fogueiras, vieram as sufragistas reinvidicando um lugar no destino político do país, vieram as feministas queimando sutiãs. E pronto: Legalmente, as mulheres passaram a ser tratadas como os homens. O texto constitucional diz: "Todos são iguais perante a Lei" e isso independe de sexo, cor ou qualquer outro fator. Existe o respaldo legal e, qualquer tratamento diferenciado, é passível de cominações legais. Assim, ainda quye, em algumas situações, a Lei não se faça valer, ela está lá para ser cumprida. Ao contrário do que acontecia antigamente.


Por isso mesmo eu sou contra o "Dia Internacional da Mulher": As nossas antepassadas lutaram tanto pela igualdade de sexos, que, hoje, é incrível que ainda exista um dia especial para as mulheres (do mesmo jeito, acho que não deveria existir "Dia da Consciência Negra", afinal, brancos/pardos/asiáticos/latinos não têm consciência?). Um dia de comemoração pelo sexo feminino só ratifica uma diferenciação entre os sexos. E, enquanto nós, mulheres, continuarmos a comemorar tal dia como "diferentes" que somos, a igualdade continuará a ser muito bonita. Porém, só na teoria.


Beijo-tchau!
:*

sábado, fevereiro 28, 2009

Internationally Famous Little Girl


Caso a imagem seja impossível de ser entendida, deixe-me explicá-la:

De um lado, o email que recebi dizendo que ganhei um Concurso Internacional de Poesia. Do outro lado, o anexo do email, mostrando minha colocação no concurso: 2º lugar.

Diante disso, acho melhor fazer algumas observações:

1. Eu nunca me inscrevi em concursos de poesias porque nunca achei que tivesse potencial para ganhar. Porém, tenho amigos que acreditam no meu potencial e, desde novinha, me inscrevem (e eu acabo ganhando ou ficando numa colocação legal). Dessa vez, não foi diferente: Um amigo me inscreveu (valeu, Paulo! :*) e eu só soube quando recebi o email informando que havia passado na primeira eliminatória.

2. O poema escolhido não é um dos meus prediletos. Na verdade, eu nem gosto muito dele. Mas eu sou suspeita para dizer. Frequentemente acho meus poemas "bem fraquinhos". :)

3. O poema escolhido:

"Engano meu
De todos os amores, foram tantos que nem sei
Como amei, sem jamais ter vivido,
Pois se nos braços teus eu me encontrei,
Encontrando-me, sem jamais ter me perdido...
Somente sei que nestes braços passei a viver,
Vivendo tudo o que não me fora conferido;
E amei, sendo feliz como jamais ousara ser
E chorei, como se jamais houvesse sofrido...
Quantas vezes a fantasia não cobriu bem?
Quantas vezes fui o que não sou?
Quantas vezes olhei no espelho e vi ninguém?
Quantas vezes questionei seu amor?
Desse engano, restaram as delícias,
Da fábula, restou o pesar,
Da morte, as lágrimas vitalícias,
Da vida, a incerteza de amar..."

(Christiane Leite)

---------------

Então, é isso.
Obrigada aos amigos que (ainda) acreditam no meu potencial.
;)

sexta-feira, janeiro 30, 2009

Mr. Right

Estava lendo um artigo interessante numa dessas revistas "mulherzinha" (que eu adoro). O artigo consistia em várias mulheres dando características indispensáveis para o parceiro ideal. Vá lá que eu acho que esses artigos de "parceiro ideal" são padronizados para quem está totalmente "a perigo", para tentar provar por A + B que a mulher sozinha é sozinha por opção própria e vive muito bem assim. Eu já sou a favor da máxima de que "é impossível ser feliz sozinho".


Independentemente disso, achei o artigo muito bacana, porque mostrou que o tal "parceiro ideal" não é um parceiro e sim muitos: Para uma, o cara tem que ser intelectual, a outra prefere o que adora uma night. Para uma, o cara tem que ser atleta, para outra tem que curtir o ócio nos fins de semana. Para uma, tem que ser lindo e gostoso, para outra, "aqueeeela" barriga de chopp é até um charme. E entre tantas as possibilidades, eu fiquei pensando: Eu não tenho um "parceiro ideal", simplesmente por não ter um ideal tão firmemente estabelecido.


Não é preciso ser lindo, gostoso, atleta, extremamente intelectual e afins. A mim, basta que compreenda que inteligência é essencial. Basta que saiba o momento exato de oferecer colo e o momento exato de deixar que a solidão exerça seu poder transcedental sobre minha pessoa. Basta que entenda que tudo em excesso é sacal. Basta achar que meu jeito de comer manga sujando as mãos ou que minha mania de organização são adoráveis. Basta saber rir, inclusive de si mesmo. Basta ser romântico e crer que, quando encontra "aquela" pessoa, não há necessidade de mais ninguém.


E aí, quando eu encontrar tudo isso concentrado em um único ser, eu juro que passo a acreditar em príncipe encantado: Subo no cavalo branco e me mando na garupa. Feliz para sempre.

:)


Beijo-tchau! *

quinta-feira, janeiro 22, 2009

Strike

Agora vocês vejam bem : Enquanto em alguns lugares existem motoristas que param seus carros com a simples menção de um pedestre atravessar uma rua, hoje eu fui atropelada em plena calçada, aguardando o sinal fechar para atravessar a rua. Estava chovendo, uma Kombi fazendo lotada foi desviar de um buraco, acabou subindo na calçada e me atropelando e atropelando outra menina ao meu lado. Seria um strike, não fosse o senhor atrás de mim que me segurou para eu não cair de bunda na poça d'água.


Engraçado foi quando eu liguei pra minha mãe para saber se tínhamos ainda uma bota imobilizadora em casa:
- Por que, filha?
- Porque eu fui atropelada... - e desatei a rir, para preocupação mórbida dela. Ela só se acalmou quando eu disse que se eu estivesse mal, não estaria rindo no celular com ela.


Ri, mas ri de nervoso. Não é engraçado. Logicamente, o motorista da Kombi não parou. E ninguém anotou placa. Todos ali sabiam que as tais Kombis faziam lotada para a galera da comunidade próxima aolocal do acidente (que é comandada por uma facção do tráfico). Ou seja, nada aconteceu. Mas aconteceu, sim. Eu estava me equilibrando com duas bolsas enormes, sendo que em uma eu carregava SETE processos inteiros, além das quatro pastas das audiências que eu havia feito, salto alto e guarda-chuva, correndo para outra audiência e fui atropelada.


Eu agora estou com um colar cervical no pescoço e com imobilizadores na perna e na mão. Quando cheguei em casa, após passar um bom tempo no hospital, olhei-me no espelho e me vi toda quebrada, toda cheia de ataduras, marcas roxas, imobilizadores. E dei graças a Deus. Se eu estou desse jeito, é porque existiu a possibilidade de ter acontecido coisa pior.


Em tempo: Tenho licença do trabalho, mas não vou utilizá-la. Estarei firme e forte nas audiencias. Eu não consigo ficar parada.


Desejem-me melhoras!
Beijo-tchau! *

quarta-feira, janeiro 07, 2009

Lei de Murphy

Acordei cedo hoje para ir ao médico ver umas bolinhas vermelhas que apareceram do lado direito do meu corpo (parece que é só alergia mesmo) e ir ao Fórum dar entrada em petições cujos prazos fatais eram hoje (primeiro dia pós-recesso do Judiciário).




Em tempo: Estou de férias do escritório, por isso estou nessa vida mansa de
ausência de audiências da empresa que represento.




Ainda no consultório médico, olhei pela janela e vi que o Sol resolveu sair, bonito e faceiro, já que havia sumido desde o primeiro dia do ano. Toda feliz em aproveitar as férias decentemente e voltar ao trabalho com uma cor diferente do amarelo-escritório, fiz todas as coisas rapidinho pensando em chegar em casa e ir à piscina.


Eis que, mal coloco os pés em casa e planejo trocar o biquini... O Sol some. E até agora, necas de Sol. Como já são 15:00 da tarde, presumo que hoje não vá voltar. Daí eu chego à pior das conclusões: A Lei de Murphy age sobre a força do meu pensamento.



P.S.: Não sei se o problema é comigo (provável que seja mesmo), mas o post anterior, da cartomante, sumiu. Eu já procurei e necas. Sorte que eu gravei ele num arquivo aqui. Em breve publicarei o mesmo novamente.

sexta-feira, dezembro 19, 2008

Eu sei!

No post anterior eu havia dito que contaria sobre a consulta à cartomante. Eu sei! Mas as coisas ficaram mais complicadas do que imaginei, o tempo ficou mais apertado e eu tenho implorado a Deus que faça com que meu dia tenha, pelo menos, 36 horas.

Creio eu que essa fase passará a partir da próxima semana, uma vez que amanhã o Poder Judiciário entra em recesso, o que, no mínimo, significa que eu não precisarei passar o dia na rua fazendo audiências, o que já é grande coisa.

Mas para amanhã, último dia antes do recesso, eu "só" preciso ir ao Fórum Central fazer uma audiencia às 11:00 hrs, correr para um Fórum Regional para realizar diligências no cartório, sair de lá direto para outra Fórum Regional para dar entrada em uma ação e tomar ciência do recurso de uma ação minha,voltar para casa, fazer a réplica da ação da minha afilhada, aprontá-la e partir para outro Fórum Regional para dar entrada (amanhã é prazo fatal!) e, na melhor das hipóteses, arrumar tempo para fazer unha, hidratação no cabelo, pegar cartinha de Papai Noel escrita por crianças carentes nos Correios para comprar presente e mandar e trocar umas roupas que ganhei.


Sério? Cansei só de escrever tudo isso.
- Parem o mundo que eu preciso descer!


"Tua ausência,meu corpo reclama
Em devaneios de sobriedade:
A lembrança me remete à saudade
Do teu cheiro impregnado na minha cama...

Desta tortura, não me poupas:
Castiga-me tal qual os ímpios
Quando minha vontade é de jogar para o alto meus princípios
Acompanhados de cada peça de minha roupa..."

[Christiane Leite]

sexta-feira, novembro 21, 2008

Perguntei ao tempo quanto tempo o tempo tem...

"Fiz um acordo de coexistência pacífica com o tempo: Nem ele me persegue, nem eu fujo dele. Um dia a gente se encontra." (Mario Lago)


Eu sumi. Mas eu juro que sumi por um motivo extremamente justificável: Falta de tempo. Eu cheguei à conclusão ÓBVIA que, para fazer tudo o que eu preciso fazer em um só dia, o meu dia deveria ter, pelo menos, 36 horas. Pelo menos. Daí eu talvez pudesse dormir algumas horas a mais, talvez não precisasse trazer trabalho para casa, talvez até pudesse ter mais tempo para mim. Sabe, às vezes sinto-me perdida. É tanta coisa pedindo minha atenção ao mesmo tempo que fico meio alucinada. Vontade de dar um berro, mesmo sabendo que um único berro não iria solucionar metade dos meus problemas.


Eu já contei que não sou uma especialista em fazer planos. Mesmo porque, caso os fizesse, eles iriam por água abaixo. Eu não consigo fazer planos para um dia de 24 horas, que dirá para um mês com 720 horas ou para um ano com 8760 horas? Não, não dá. É querer ir além das minhas possibilidades. Admiro muito quem faz planos e sabe o tempo certo para conquistar o topo das suas metas. Invejo, até. Não que eu não tenha objetivos. O que eu não tenho é noção de tempo.


Por que essa história? Primeiro porque precisei justificar a falta de tempo plena e absoluta que levou a me afastar um tempinho daqui. Segundo porque lembrei agora que uma pessoa foi jogar cartas para mim e me perguntava a todo momento "você quer saber alguma coisa, algum plano que você queira saber se vai dar certo?" e eu disse que não. Planos eu até tenho, mas para começar a construir a base para que eles comecem a ter forma, eu preciso de tempo. E aí, quando eu começo a pensar no raio do tempo, qualquer plano vai pro beleléu.


Ah. Antes que essa história do jogo de cartas dê o que falar nos
comentários, já deixo registrado que vou falar disso em outro post. A parada é
interessante demais para ficar restrita àlgumas linhas. Posso adiantar que
jamais havia feito isso e -putz!- me surpreendi horrores!


Enfim. Eu não sei como será a semana que vai começar. Provavelmente tão corrida como têm sido todas as demais. Mesmo porque essa semana tem outro pautão de audiências (e quem já leu meus posts anteriores sabe como um pautão acaba comigo) e tem audiências em lugares longínquos que são piores do que a ilha de Lost. Mas eu dou minha palavra que tento voltar pra contar a história do jogo de cartas. Alucinante. Isso, é lógico, se eu tiver tempo.

:)

domingo, novembro 09, 2008

Do futuro, não sei

Nunca tive atração pelo futuro. Ao contrário de muita gente, nunca ficava imaginando como seria o futuro quando assistia o desenho dos Jetsons, não fazia muitos planos enquanto criança para quando fosse adulta (e os poucos que eu fazia, foram furados) e nem gasto muito tempo pensando no que vai acontecer amanhã, apesar de sofrer por antecipação por determinadas coisas. Mas penso que até o fato de sofrer por antecipação é um jeito de não pensar muito no futuro: Como se eu sofresse agora por não saber se poderei sofrer amanhã.


Mas como ninguém é um todo, eu às vezes me pego pensando no que poderia ter sido. Não com arrepedimento, mas com a prerrogativa que todos têm de pensar num futuro, real ou que ´poderia ter sido. Aquela história do "se": Se eu tivesse agido de uma forma diferente, como as coisas seriam? Se eu tivesse realizado certo trabalho, qual resultado teria? Se eu tivesse falado algo diferente do que eu havia dito, será que as coisas mudariam?


Nunca chego à uma conclusão. Às vezes acho que as coisas têm um rumo certo, independentemente das nossas atitudes. Às vezes concordo que "o leve bater de asas da borboleta pode fazer um furacão do outro lado". As questões do tipo "se" são uma retórica. É pensar, pensar, pensar para chegar a lugar algum. O que não pode ser remediado, remediado está. Caso haja a possibilidade de agir diferentemente em uma situação semelhante, acho válido experimentar todas as possibilidades possíveis.


O "se" não é pensar no futuro. É pensar num pseudo-futuro. É pensar nos riscos, é pensar nas possibilidades. Ainda que tudo já estivesse (e esteja) traçado. Acho que o ser humano depende da certeza de que poderia mudar sua história, caso tivesse agido de forma diferente da que agira. Sentir-se dono de suas escolhas. Para ser pleno, só faltar-lhe-á sentir-se também responsável por elas. "Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas".


Arriscar-se. É hipócrita dizer isso quando eu não tenho coragem de me jogar de cabeça em todas as possibilidades. Mas eu dou minha palavra que estou buscando arriscar-me mais, ter coragem de agir, de questionar, de assumir a responsabilidade pelas minhas escolhas. Ou pelo caminho que já está traçado. Sabe-se lá. São tantas as possibilidades...



"Na plenitude da felicidade, cada dia é uma vida inteira"


segunda-feira, novembro 03, 2008

Depois da tempestade...

Tenho que confessar que, há exatamente três meses atrás, uma tempestade se abateu sobre mim. Sabe aquelas cenas típicas de desenho animado que uma nuvenzinha negra fica pairando sobre a cabeça de uma personagem, chovendo torrencialmente e, para onde quer que a personagem corra, a nuvenzinha permanece flutuando em cima de sua cabeça? Pois é. A personagem era eu.


Estou até admirada. Há pouco tempo atrás eu não imaginava ser capaz de tratar disso tão abertamente. Fiquei totalmente sem rumo depois que terminei meu relacionamento de longos quase 3 anos. Imagine só você viver com alguém, fazer planos com alguém, se estruturar plenamente com alguém e, de repente, esse alguém sai da sua vida? Acho que só não pirei porque tinha muita coisa pedindo minha atenção: Minha avó, que acabou falecendo pouco depois; meu trabalho, que estava (e está) cada vez mais punk... Mas quando eu me via sozinha, era só nessa suposta solidão que eu pensava. E chorava horrores.


Digo "suposta" solidão porque, na verdade, em nenhum momento fiquei sozinha. Deus me deu anjos tortos e sem asas para cuidar de mim. E eles estavam sempre por perto, me ouvindo e consolando, rindo e me fazendo rir. Meus amigos... Acho que a coisa não fluiria tão bem se não fossem eles me carregando para nights, para chopps pós-expediente (e olha que eu não bebo!), me ligando a todo tempo para dizer que estavam pensando em mim ou simplesmente me fazendo companhia em casa, sem fazer nada.


Aí, a tendência é a coisa melhorar, né? E melhorou, melhorou muito. Mas só passou de vez recentemente e (pasmem!) exatamente por um motivo que, talvez, devesse me deixar triste. Quando tive ciência de que, para ele, a fila já tinha andado (não que do lado de cá já não tivesse acontecido experimentos nesse sentido), me senti estranhamente bem, mas tão bem que nem consigo explicar. Estou me sentindo uma pessoa tão radiantemente satisfeita que só não digo que sinto-me completa porque ainda falta determinadas coisas. Mas eu dou minha palavra que estou buscando-as com o maior afinco.


Hoje parece que tudo aconteceu há milênios atrás. Nem parece que, há tão pouco tempo, eu estava me lamentando. É meio irracional: Eu sei porque eu me lamentava, mas só hoje vejo que não valia tudo aquilo. Cada um tem o que lhe cabe. Talvez porque tenha, enfim, percebido que sou top demais em comparação a determinadas coisas. E que ninguém é igual, mas quando existem diferenças demais, não tem como dar certo. Definitivamente.


Essencialmente feliz. É como estou. As coisas estão acontecendo: Colocar liberdade, paixão, intensidade e otimismo nas atitudes é bom por demais. Eu sou assim e estava sentindo falta disso. Estou assim com o mundo.


Penso que a tempestade fez um bem danado: Lavou a alma. Isso é tão nítido que até aqueles que me rodeiam, ultimamente, costumam permear conversas me dizendo que estou mais feliz, mais segura e mais bonita. Mal sabem eles que essa felicidade é de dentro pra fora. E essa é a melhor parte disso tudo.


Em tempo: Esse post ficou tão em tom de confissão, tão pessoal, que ainda estou em dúvida se ele fica ou se sai. Espero que não se importem se acabar decidindo que ele deve sair.

sábado, novembro 01, 2008

Promessas íntimas

Ontem teve (mais) um pautão de audiências da empresa que represento. Para quem não sabe, em um dia de pautão, a gente senta numa cadeira, com um juiz e não sai. E isso vai de 10 horas da manhã às 18 horas da noite. São várias audiências durante o dia inteiro. A gente só fica vendo os clientes que acionaram a empresa entrarem, sentarem, fazerem a audiência e saírem para dar lugar a outros clientes. Quase uma modalidade de revezamento olímpico.


Como represento uma empresa, tenho que ir à audiência acompanhada de um funcionário do jurídico da empresa. Mais freqüentemente do que se pode imaginar, somos ofendidos. As pessoas adoram nos xingar, debochar de nós, gritar conosco. Se eu entendesse de psicologia, podia jurar que era a maneira da pessoa descarregar todo o ódio que tem da empresa, apesar de tal desacarrego acontecer nas pessoas erradas. Não temos culpa dos erros da empresa, só estamos ali representando. Mas quem representa, é de fato. Ao menos é o que devem pensar.


Enfim. Eu costumava me estressar quando acontecia alguma coisa desse tipo. Entendam: Já teve advogado que ameaçou me bater. Eu acabei adquirindo uma postura defensiva que me fazia me aborrecer e elevar meu tom de voz (já altamente sonoro) ao leve sinal de que uma dessas ofensas poderiam acontecer. Só não recebia queixas porque até meu estresse é extremamente profissional: Aborrecia-me dentro dos limites, afinal, eu estava em uma audiência, de frente para um juiz e deveria manter uma determinada postura. Segundo um juiz, eu simplesmente sou uma advogada combativa e que veste a camisa da empresa. Um jeito mais delicado de me chamar de estressada, acho.


Por isso, eu decidi mudar um pouco esse meu jeito. Resolvi, depois de conversar com uma pessoa, que eu passaria a contar até 10 antes de me aborrecer. Logo no primeiro dia que decidi fazer isso, uma advogada disse que eu estava sendo extremamente estúpida em uma audiência. Eu tinha uma resposta pronta para ela, na ponta da língua. Mas contei até 10, me segurei, fechei os olhos e não falei mais nada até o fim da audiência. Saí tão irritada da audiência que dei um soco na parede e fiquei reclamando daquilo infinitamente. Reprimir meus instintos me fez um mal danado. O mau-humor se instalou em mim o resto do dia. Mas passou, como tudo passa.


Ontem, no pautão, prometi que nada me tiraria do sério. Uma das primeiras audiências que fiz foi de uma senhora que mentia descaradamente e eu não me alterei. No meio do dia, uma advogada veio pedir para eu adiantar a realização da audiência dele, que seria três horas depois. Eu disse que não podia, senão atrasaria outras várias pessoas com audiências marcadas na frente da dela. Ela disse que eu era a cara da empresa, que nunca facilitava nada e que estava "me achando demais". Eu não respondi. Eu estava transcedentalmente abstraindo todas as coisas que me fariam responder mal educadamente.


Eis que estou em uma audiência em que o cliente foi incluso nos cadastros de restrição ao crédito por não ter pago uma certa fatura. Ele dizia que tinha recebido 2 faturas no mesmo mês e que optou por pagar somente uma. Seria o correto. Mas o que havia ocorrido é que, no meio do mês, ele havia pedido para migrar de um determinado plano para outro. Ou seja, uma fatura daquele mês veio referente ao período até a migração e outra, referente ao período da migração até o final do mês. Nada mais justo.


Expliquei isso e o advogado do cliente disse que eu era uma mentirosa. Meu sangue começou a ferver, mas eu mantive minha calma. Ele disse que isso era só mais uma forma de enganar os clientes e que eu estava sendo cúmplice nessa farsa. E eu continuei mantendo a calma. Eu pedi para que o cliente, então, mostrasse as faturas para a juíza. Nas próprias faturas havia a menção de que uma se referia do dia 1 ao dia 14 daquele mês e a outra, do dia 15 ao dia 30 do mesmo mês. O advogado, então, segurou as faturas, olhou para mim e disse, gritando, que não iria apresentar nada.


Discutimos, ele dizia que a empresa deveria provar o que estava alegando, eu dizia que a empresa só era obrigada a provar aquilo que a parte autora não tem condições de provar. Uma vez que as provas estavam ali, na mão dele, não havia motivo para a empresa fazer a prova. Ele gritava, dizia que eu era mentirosa, burra, mil coisas. Até que contar até 10 deixou de ser suficiente. Eu elevei minha voz, bati com a mão na mesa, e disse que ele estava omitindo provas, agindo de má-fé, e requeri a Juíza que o obrigasse a apresentar as faturas.


Ela determinou. Ele jogou as faturas na mesa, quase caíram no meu colo. Recuperei a calma e mostrei que as faturas diziam exatamente o que eu havia explicado. Não satisfeito, o advogado disse que tinha várias ações contra a empresa e que ganhava dinheiro em todas. Eu respondi dizendo que isso só mostrava a intenção dele de lucrar, não de resolver o problema. Um modo delicado de chamá-lo de picareta.


Resultado? Lógico que ele perdeu. Azar do cliente, que contratou um advogado destemperado. Eu também perdi, porque acabei descumprindo com a promessa que tinha feito a mim mesma. Mas se, por menos, eu me reprimi e, logo após, dei um soco na parede, imagina só se eu tivesse me reprimido dessa vez?




P.S.1: A promessa continua de pé. Estou fazendo o meu possível, palavra.

P.S.2: Engraçado como, pela primeira vez desde que terminei meu relacionamento, há 3 meses, eu estou me sentindo bem. E não é bem de "vida que segue", não. É bem de muito bem mesmo. Estou me sentindo mais feliz, mais agradável, mais realizada, mais livre, mais interessante de se conviver e muito mais bonita. Nunca pensei que algo desse tipo pudesse me fazer tão bem! Meu ego não pára de agradecer.

P.S.3: Tá, eu sei que está enoooorme o texto. Mas se você chegou aqui e leu tudo, você viu que eu precisava contar minuciosamente para ser bem compreendida...

=]

domingo, outubro 26, 2008

Quatro espinhos para se defender do mundo

Outro dia estava me dando conta da fragilidade do ser humano em relação a tudo na vida. Parece complexo, filosófico, mas é tão fácil de entender: Imagine-se dentro de um avião, voando entre as nuvens, a quilômetros de distância do solo. Você olha para baixo e não vê nada além de pontinhos. E esses pontinhos são árvores, arranha-céus. O ser humano é invisível, visto do alto.


Acho que essa é a melhor imagem para expressar a insignificância de uma só pessoa. Se você sobrevoa um deserto, por exemplo, você vê um infinito cor-de-areia e só. Se houver uma pessoa lá, agitando os braços e gritando, não vai passar de um pequeno grão de areia, visto bem do alto, acima das nuvens. Agora, imagine só se, ao invés de uma só pessoinha, exista um batalhão de nômades se deslocando no meio do deserto. Um pontinho no meio do nada é totalmente invisível. Porém, milhares de pontinhos no meio do nada representam a força que pode criar uma nova visão do mundo.


A rosa do Pequeno Príncipe, do livro do Antoine de Saint-Exupéry, tinha apenas quatro pequenos espinhos para se defender do mundo e, por isso, o Pequeno Príncipe precisou voltar. Porque sentia-se responsável por ela. Porque qualquer coisa além dos quatro pequenos espinhos já seria de grande valia.


Sei que há determinadas coisas que não deveriam entrar em discussão, porque, em geral, são controversas. Religião, time de futebol, política. Mas, independentemente disso (e sem entrar no mérito de voto certo ou voto errado, apesar de ter mil convicções ideológicas), acredito que seja importante a união da sociedade por um futuro melhor para si. Lógico que a pessoa que a sociedade vai eleger é o alicerce, mas o tijolinho que vai fazer com que a edificação se equilibre é cada cidadão (ah, vá, eu não sou engenheira, mas acho que deu pra entender). Uma vez que o alicerce é escolhido com cuidado, que se possa garantir que a base para a construção é boa e que cada tijolinho una-se a outro por um bem comum, as coisas têm tudo para dar certo.


É aquela história. Quatro pequenos espinhos são pouca coisa para se defender do mundo. Mas quatro espinhos, com mais quatro espinhos, com mais quatro espinhos... O mundo fica bem mais fácil de ser encarado.


Be yourselves!
=)

sexta-feira, outubro 24, 2008

Sistema da reciprocidade

Às vezes ainda me surpreendo com as pessoas. Eu já devia estar cascuda, ciente de que as pessoas sempre são capazes de surpreender-nos (positiva ou negativamente) e que, por mais tempo de convívio que possa existir, a gente nunca conhece alguém suficientemente bem. Nem a nós mesmos, eu acho. Mas aí são outros quinhentos. O cerne da questão é que eu não entendo como existem pessoas que ainda vivem sob um regime ditatorial de "eu te desejo o que você deseja pra mim". Resumindo, algo na base de um sistema de reciprocidade, onde uma atitude depende da atitude de terceiros. Ação e reação.


Provavelmente essa é mais uma característica da minha personalidade bobona e sonhadora, mas eu sempre achei que as pessoas devessem "fazer o bem sem olhar a quem". Agir sem o intuito do retorno, agir por instinto; até por intuição, que seja. Mas agir bem, indiscriminadamente, independentemente do que há de receber em troca da atitude. Sempre achei que não havia mérito nenhum em agir de maneira louvável, porém esperando algo em troca. Mérito há quando a atitude é independente de retorno.


Por quê raios essa história? Hoje estava fazendo audiências numa comarca mega-distante. O dia inteirinho, de 10 horas da manhã até às 17 horas da tarde. Muito, mas muuuuito irritada de ter ido para tão longe debaixo de um sol escaldante. Estava esperando uma das audiências quando chega uma senhora, com uma sacola numa mão e, na outra, com uma senhora ainda mais velhinha. Disse que estava lá para entregar um enxoval de bebê para uma senhora que trabalhava no Fórum que conhecia uma menina que ia ter bebê naquele dia, mas, como pensava em abortar, não havia feito enxoval e nem tinha dinheiro para tal.


Conversamos mais: Ela me contou que a senhora velhinha que estava com ela era a mãe dela, de 92 anos e que estava debilitada porque trabalhava muito fazendo roupinhas de bebê e esquecia de se alimentar (!!!). Mas que tinha saúde de ferro, melhor do que a minha: Colesterol, glicose, nenhum problema ósseo. Contou que teve um problema com um banco, processou, ganhou um dinheiro e comprou um carro, o que a ajuda a carregar a mãe pra cima e pra baixo. Contou que não faz parte de ONG nenhuma, que fica sabendo de pessoas que precisam de ajuda, vai lá e ajuda. Simples assim.


A senhora não age pensando no retorno, mas é iluminada até dizer chega. Tem tudo o que precisa e faz o que por bem lhe parece. Fiquei encantada com ela. É o tipo de pessoa que eu gostaria de ter presente na minha vida. Acabei, é claro, ajudando não só a senhora como a mãe que ia ter bebê naquele dia: Comprei alguns pacotes de fraldas numa farmácia perto do Fórum e algumas roupinhas de bebê numa lojinha perto também, para a senhora poder montar outros enxovais. E prometi enviar tecido para ela fazer mantas, que ela disse que adora fazer.


É assim que foi e é assim que a vida deveria ser. Sempre.


Em tempo: Estou (finalmente) satisfeitíssima com minha condição de "mulher solteira". Não sei bem porquê, mas um dia desses me deu um estalo e eu vi que a coisa podia ser muito boa para mim. E, cá entre nós (chega perto que vou contar um segredo), já está sendo...

domingo, outubro 19, 2008

Where there's a will...

Não sei bem qual filósofo (eu acho que foi Lacan) dizia que qualquer desejo que tenha o ser humano é uma fantasia. A seu turno, qualquer fantasia deve ser algo irreal, pois a partir do momento que a desejo é alcançado, não é mais desejo (e, por conseguinte, também deixa de ser fantasia): É pura e simplesmente a realidade. Por esse prisma, meu desejo, quando criança, de um dia ser paquita era fantasia e estava predestinado a sê-lo para sempre, pois é uma realidade que jamais seria alçada. O desejo, então, deve ter seu objeto sempre ausente, a fantasia é uma forma de vislumbrar o impossível.


Parece até que eu sou uma exímia conhecedora de filosofia, mas -pasmem!- eu odiava filosofia quando estava na faculdade e acho que só não levei esse sentimento adiante porque tive a felicidade de só ter um período de ensino filosófico, o que já foi demais para minha mente naturalmente perturbada: Não gostei da idéia de ter alguém que diga que sempre há um motivo para as coisas serem e acontecerem do jeito que são e acontecem. Nunca me agradou esse lance de busca pela razão de ser: Mais fácil compreender que é e ponto final.


Por um lado, acho que a idéia desse filósofo tem nexo, seu "quê" de verdade. Porém, por outro lado, penso que é só mais uma forma besta de encontrar um motivo para que não consigamos tornar reais determinados sonhos. Assim, "você não alcançou seu desejo, que pena, mas olha só: o desejo, para ser desejo, precisa ser inalcançável. Não fique triste, você é filosoficamente humano". Grande contentamento.


É sempre mais fácil encontrar uma explicação (viável ou não) para os desenganos do que admití-los. É mais fácil crer que a fantasia sempre será irreal do que crer que, por algum motivo, aquilo que tanto se deseja não vai se concretizar. Cair na real é difícil mesmo: Dói, traz frustração e um baita vazio. Mas, dizem por aí, que a cada obstáculo, há um aprendizado. E que sempre há algo melhor reservado a quem merece.


Ainda que seja uma forma de consolo como a filosofia de Lacan (supondo que tenha sido ele mesmo), é mais razoável crer que houve sim o fracasso na busca de um desejo do que atribuir ao destino tal fracasso, uma vez que o desejo seria predestinado a ser fantasia ad eternum. Fracassou: Sofra, chore. A marca vai ficar, a cicatriz por vezes é perpétua, mas, ao menos, houve a busca pela Terra do Nunca. Pior seria acreditar desde o início que era apenas fantasia. Só é realmente feliz quem sonha e busca tornar real tal sonho.


"... Viver profundamente e sugar a essência da vida (...) e não, ao morrer, descobrir que não havia vivido."



sábado, outubro 18, 2008

McTerapia

As pessoas têm uma tendência a surpreender. Até aí, ótimo: A vida seria muito sem-graça se tivesse script e roteiro planejados. Estar ciente do futuro é algo que jamais me encheu os olhos. Ruim mesmo é quando as pessoas surpreendem de forma negativa.


Pode não parecer, mas eu tenho uma disposição natural a achar que o mundo é "cor-de-rosa-Hello-Kitty" e que as nuvens são feitas de algodão doce. Tenho uma inclinação a acreditar nas pessoas: No que elas falam, no que prometem, no que pensam, no que fazem. Obviamente, isso é ridículo.


Já tentei mudar, mas há certas nuances da nossa personalidade que não mudam facilmente. Poucas pessoas me conhecem profundamente a ponto de dizer, com certeza plena e absoluta, que todo esse jeito extrovertido, forte e confiante é só uma fachada. Esses me conhecem bem. Eu sou vulnerável, sou utópica, sou incorrigivelmente lírica como um poema parnasiano, acredito nas pessoas e -pasmem!- eu não sou feita de ferro.


Talvez por isso as pessoas julguem que nada é capaz de me atingir e ajam como se no dia seguinte, eu fosse superar determinadas atitudes. Não sou de guardar ressentimentos, mesmo; sou boba até. Mas também não tenho a facilidade de superar adversidades, sejam elas do passado ou do presente. Sabe, uma hora cansa ser legal, acreditar, mergulhar de cabeça. Quebrar a cara dói e é difícil a cicatrização.


É por essas é outras que eu preciso crescer. O mais rápido possível.


[Post totalmente reflexivo, auto-analítico e de "foco umbilical". Não fiquem bolados se acaso eu resolver deletá-lo daqui a um tempo].

terça-feira, outubro 07, 2008

O que eu queria ser quando crescesse

Eu era uma criança meio delirante. Não que não seja mais: Continuo criança e continuo meio delirante. Só que quando a gente é criança, os delírios sobre o futuro são encarados como algo bonitinho, no diminutivo mesmo, que é pra depreciar o plano da criança para seu futuro. Quem é que nunca ouviu:

- Que bonitinho, ela quer ser uma bailarina famosa!
- Que bonitinho, ele quer ser cientista!


Eu queria ser professora-bailarina-advogada. Vendo por um prisma, eu fiz tudo o que eu queria. Fiz balé até o nível profissional e só parei pra me dedicar ao curso de inglês. Aos 17 anos me formei como professora de inglês e vi que esse lance de dar aula com metodologia certinha não é pra mim: Abri mão de ser professora pra me dedicar totalmente à faculdade de Direito. Quando eu tinha 22 anos, me formei, passei com nota 10 na temida prova da OAB e me tornei advogada.


Não fui uma criança de sonhar muito alto. Nunca quis ser famosa, nunca quis ser Madonna e o mais perto que cheguei de me imaginar como Paquita foi dançando pra minha mãe na sala lá de casa. Apesar de gostar de aparecer, fazer parte dos shows de talentos do colégio desde sempre, eu não sonhava muito com o que queria ser. Apenas que queria ser bailarina-professora-advogada. E fui.


Hoje em dia eu fico pensando no que eu poderia ter sido, além de bailarina-professora-advogada. E se, ao invés disso, meu sonho fosse ser modelo-apresentadora-atriz? E se eu não tivesse pensado capitalistamente e tivesse feito sociologia ao invés de Direito? E se eu não tivesse desistido do ballet, da docência, do teatro? E se...?


Uma pessoa muito importante na minha vida dizia que não existe "se". Existe sim, mas não deveria. As pessoas deveriam se preocupar menos com o passado. O livre-arbítrio nos dá uma gama infinita de possibilidades: Se a opção é a porta n° 1, pra quê cargas d'água querer ver o que tinha na porta 2 e na 3? Pra que ver como poderia ser diferente, se a escolha foi feita e o rumo tem que ser o da porta n° 1, ainda que lá dentro tenha um macaco...?


Soa até hipócrita eu falar isso. Logo eu, que -invariavelmente- passo horas pensando no que poderia ter sido. Mas é tão desgastante pensar num passado que não foi e num futuro que não será, que hoje em dia acho mais racional gastar minha energia em pensar como me livrar do macaco da porta n° 1 do que pensar nas coisas que poderia ter ganho nas portas 2 e 3.


Sobre o título do post, ainda dá tempo: Não cresci muita coisa. Do alto dos meus 1.62m, acho que ainda posso querer ser muita coisa quando crescer.
*_*


P.S.: Não sei porquê raios, mas agorinha percebi que meu post anterior sumiu. Esquisito.

terça-feira, setembro 23, 2008

Indiferença involuntária

Não sei se já comentei por aqui, mas tenho uma memória curtíssima. Não venham psicólogos dizer que tenho "memória seletiva", tenho é falta de memória mesmo. Perda de memória recente.


Aliás, esse lance de memória é engraçado. Minto: A mente humana é engraçada. Sou capaz de lembrar a reclamação de alguém feita numa audiência que fiz há meses atrás só pelo nome da pessoa, mas não sou capaz de reconhecê-la se estiver cara a cara com ela. E isso aconteceu hoje.


Estava esperando minha audiência e veio uma senhora falar comigo. A primeira coisa que ela disse foi "Desculpa". Uma vez que eu não a reconheci, fiz cara de paisagem e não falei nada. Acho que ela entendeu que "quem cala, consente" e que eu havia aceito o pedido de desculpa e começou a se explicar: Disse que "no dia da audiência ela estava nervosa porque a filha dela tava doente, sozinha com a mãe dela,uma senhora idosa" e blá blá blá. Aí que caiu a ficha: Provavelmente ela fez audiência comigo e foi mais uma das clientes que entram com ação contra a empresa que represento que já vão para a audiência com ódio no coração, querendo matar a bucha da advogada. Porém, como eu não havia reconhecido a mesma, eu simplesmente fui involuntariamente indiferente a tudo o que ela dizia.


No início confesso que pensei "Não lembro dela, mas dane-se: Se ela me maltratou a toa, merece essa minha indiferença involuntária". Mas depois fiquei pensando que pedir desculpa é um ato louvável. E que eu deveria lembrar dela daquele momento em diante, porque já dá pra perceber que é humana, sabe que erra e pede perdão. Logicamente, ficou só na intenção: Se você me perguntar como é a criatura, já não lembro mais. Não é por querer, mas a imagem dela já se esvaiu em algum buraco negro da minha mente.


Enfim, não dá pra chorar pelo leite derramado. Já perdi a imagem dela e, provavelmente, se passar por ela na rua, sequer vou olhar como quem pensa "conheço essa pessoa". E ela vai me achar uma nojenta e vai pensar que foi uma boba em pedir desculpa pra uma advogada tão metida.


Coisas da mente humana.

domingo, setembro 21, 2008

2009 urgente

Só esse ano eu perdi meu tio, terminei um namoro de quase 3 anos e, agora, perdi minha avó.


2009, dá pra chegar logo ou tá difícil...?
=(

terça-feira, setembro 16, 2008

Os infelizes

Não. Esse título não é para mim. Eu estou mega-feliz. Mas às vezes sinto-me rodeada de pessoas infelizes. E olha que nem estou falando daquele sujeito que quer te queimar no seu trabalho, nem daquela pessoa que só ocupa o tempo falando balelinha no ouvido alheio, nem daquela criatura insuportável que, por algum motivo, tem que receber sempre um sorriso amarelo cordial. Refiro-me aos infelizes anônimos.


Um exemplo bom é o do post anterior. Quem foi Murphy? Só se sabe que foi um infeliz pessimista que caiu na boca do povo. Entre ficar calada e ser lembrada pelos meus comentários pessimistas acerca do universo (que nem aquela hiena do desenho, a Hardy), eu preferia manter-me calada.


Outro exemplo (e esse é o protagonista desse post) é o infeliz membro do Poder Judiciário que inventou uma coisa chamada pautão.


Para quem não sabe, pautão de audiências é quando um juiz resolve reunir uma
quantidade absurda de ações contra uma mesma empresa e passar o dia todinho
fazendo audiências dessa empresa. Geralmente reunem uma média de 50 a 70
audiências em um só dia, com uma só empresa.




Como vocês já sabem, eu advogo para a Empresa com maior número de ações ajuizadas nos Juizados Especiais Cíveis do Rio de Janeiro (talvez do Brasil). Ou seja, a pauta normal de audiências diárias já é punk. Quando tem pautão, é coisa pra sentar e chorar, afinal, além das audiências "normais" de um dia "normal" dessa empresa, temos a graça de ter mais 60 em um só local. Não é glorioso?


Pois é. O lance é que eu sou a Miss Pautão. Tem pautão, eu estou lá. Na última sexta-feira eu resolvi pesar a mala que levo com as pastas das ações do pautão: 20 Kgs. Não bastasse carregar esse peso, ainda fico revezando entre uma audiência e outra, me virando pra dar conta de todas até, sendo otimista, umas 18:30 hrs. Direto. Almoçar? Você deve estar brincando. Ficar cansada? Quem dera poder me dar a esses luxos.


Aí fico eu cá pensando com meus botões: Isso é moda hoje em dia, a maioria dos Juizados adora um pautão. De fato, o livro "O Menino do Dedo Verde" tem uma frase que diz "a gente se acostuma a tudo, até às coisas mais estranhas". É verdade. Hoje em dia eu até consigo curtir um dia de pautão. Tudo bem. Mas fico imaginando quem foi o infeliz desocupado que inventou esse negócio. O cara ele tem que ter muito saco, tem que ter muito tempo disponível e tem que ganhar muito bem para ter coragem de inventar uma coisa dessas.


Esse é um infeliz anônimo. E é melhor que continue, porque Deus sabe do que sou capaz se um dia descobrir quem é esse infeliz.



terça-feira, setembro 09, 2008

Mais uma da série "Murphy me persegue".

Sabe aquele negócio de "ócio criativo"? Pois é. De tanto se perseguida, acossada e molestada pela famosa Lei de Murphy, resolvi um dia procurar saber quem foi esse infeliz. Edward Murphy foi um engenheiro aeroespacial americano e sua biografia não tem nada de tão interessante, a não ser trazer à baila a infeliz constatação que toda uma Humanidade já sabia, mas que, ao meu ver, não precisava se tornar "Lei".


Mas por quê raios tanto ódio no coração? Porque eu sempre lembro desse infeliz quando as coisas acontecem da pior maneira possível. Como agora: Acabei de chegar à porta de casa, com cinco pastas de audiências nos braços, falando ao celular com o escritório e morrendo de vontade de fazer xixi.


Toquei a campainha. Ninguém em casa. Desliguei celular e passei a procurar a chave na bolsa. Necas. Só consegui encontrar quando as pastas caíram no chão. Lógico que a vontade de fazer xixi só aumentou. E a chave ainda resolveu prender na fechadura. Não pensei duas vezes: Entrei, fiz xixi, depois voltei pra buscar as pastas no chão e desprender a chave (que, óbvio, soltou na maior facilidade).


Às vezes acho que minha vida é tão surreal que parece novela da Record. Definitivamente, Murphy era otimista...

domingo, setembro 07, 2008

O que você vai contar para seus filhos?

Disseram-me que ando muito esquisita. Que não sou mais como antigamente.


Engraçado como meu passado me persegue. Depois de 3 anos de formada, estou trabalhando com 4 pessoas que foram "meus" calouros na faculdade. E aí é um tal de "caramba, eu lembro daquilo que você fez... Não foi você?". E eu fico com aqueeeeele sorriso amarelo e tenho que assumir: É, fui eu.




Fui eu que disse apareci na TV em plena Copa do Mundo pedindo nota 10 para o professor me passar de ano [e consegui].


Fui eu a primeira pessoa na minha faculdade a ser expulsa de sala de aula.



Fui eu que fiquei toda encharcada depois que um amigo despejou um extintor de incêndio [o de água, não aquele químico] em mim.



Fui eu que tentei escalar o telhado da faculdade que nem Gabriela para buscar meu scarpin que meu amigo tinha atirado lá.



Fui eu que chamei uma professora pra "resolver uma parada fora da faculdade". Comigo é [era] assim. =P



Fui eu que troquei de lugar os vasos de plantas da faculdade, que iam parar na sala do coordenador inexplicavelmente, por obra dos espíritos zombeteiros.



Fui eu que, vestida de beca, furtei as provas do último período [essa tá registrada por foto, não tem como negar].



Fui eu que tirei as fotos do convite de formatura de beca e óculos escuros pra disfarçar a olheira de ressaca [eu ainda bebia!].



Fui eu que entrei na sala de aula, peguei uma pauta de presença às aulas e apaguei todas as minhas faltas.



E, entre tanta coisa, fui eu uma das pessoas vítimas de um abaixo-assinado para ser jubilada da faculdade [que, óbvio, não vingou].



Respondendo a pergunta-título do post: Aos meus filhos, contarei somente que fui ótima aluna, que tinha notas maravilhosas [é incrível, mas é verdade], que passei na prova da OAB com nota 10, que meu projeto da pós-graduação também foi nota 10. Um dia eu conto o restante. Eles merecem saber [um dia], o legado que mamãe deixou. Mas só quando estiverem já com o caráter formado. Mamãe não foi um exemplo muuuuuuito bom... ;-)


Enfim, mudei sim. Acontece que depois de alguns anos, um namoro-quase-noivado, um término, alguns empregos, três pós-graduações, noites mal-dormidas, dias mal-aproveitados e uma gama de sentimentos indescritíveis, eu acabei mudando. A vida clama por mudanças, bicho. Uma hora ou outra. E eu só me rendi à elas.





P.S.: Só pra constar: Sair com amigos faz um bem danado pra alma! Chega de sofrimento, né? Depois de um mês, vou vivendo a minha vidinha: Errando, mas com estilo. ;-)