terça-feira, outubro 07, 2008

O que eu queria ser quando crescesse

Eu era uma criança meio delirante. Não que não seja mais: Continuo criança e continuo meio delirante. Só que quando a gente é criança, os delírios sobre o futuro são encarados como algo bonitinho, no diminutivo mesmo, que é pra depreciar o plano da criança para seu futuro. Quem é que nunca ouviu:

- Que bonitinho, ela quer ser uma bailarina famosa!
- Que bonitinho, ele quer ser cientista!


Eu queria ser professora-bailarina-advogada. Vendo por um prisma, eu fiz tudo o que eu queria. Fiz balé até o nível profissional e só parei pra me dedicar ao curso de inglês. Aos 17 anos me formei como professora de inglês e vi que esse lance de dar aula com metodologia certinha não é pra mim: Abri mão de ser professora pra me dedicar totalmente à faculdade de Direito. Quando eu tinha 22 anos, me formei, passei com nota 10 na temida prova da OAB e me tornei advogada.


Não fui uma criança de sonhar muito alto. Nunca quis ser famosa, nunca quis ser Madonna e o mais perto que cheguei de me imaginar como Paquita foi dançando pra minha mãe na sala lá de casa. Apesar de gostar de aparecer, fazer parte dos shows de talentos do colégio desde sempre, eu não sonhava muito com o que queria ser. Apenas que queria ser bailarina-professora-advogada. E fui.


Hoje em dia eu fico pensando no que eu poderia ter sido, além de bailarina-professora-advogada. E se, ao invés disso, meu sonho fosse ser modelo-apresentadora-atriz? E se eu não tivesse pensado capitalistamente e tivesse feito sociologia ao invés de Direito? E se eu não tivesse desistido do ballet, da docência, do teatro? E se...?


Uma pessoa muito importante na minha vida dizia que não existe "se". Existe sim, mas não deveria. As pessoas deveriam se preocupar menos com o passado. O livre-arbítrio nos dá uma gama infinita de possibilidades: Se a opção é a porta n° 1, pra quê cargas d'água querer ver o que tinha na porta 2 e na 3? Pra que ver como poderia ser diferente, se a escolha foi feita e o rumo tem que ser o da porta n° 1, ainda que lá dentro tenha um macaco...?


Soa até hipócrita eu falar isso. Logo eu, que -invariavelmente- passo horas pensando no que poderia ter sido. Mas é tão desgastante pensar num passado que não foi e num futuro que não será, que hoje em dia acho mais racional gastar minha energia em pensar como me livrar do macaco da porta n° 1 do que pensar nas coisas que poderia ter ganho nas portas 2 e 3.


Sobre o título do post, ainda dá tempo: Não cresci muita coisa. Do alto dos meus 1.62m, acho que ainda posso querer ser muita coisa quando crescer.
*_*


P.S.: Não sei porquê raios, mas agorinha percebi que meu post anterior sumiu. Esquisito.

4 comentários:

Paulo César Nascimento disse...

Tenho algumas sugestões... depois te digo. ;-)
Bjs

Fernando Gomes disse...

eu penso sempre nessa história de 'o que poderia ter sido'.. acho um questionamento válido, que se feito no momento certo pode ajudar a definir nossas escolhas com mais clareza.

gostei do texto, não conhecia seu espaço
;D

Anônimo disse...

Perdi muito tempo na minha vida para definir uma profissão, eu sempre quis ser criança, decidi atuar na minha área em cima da hora, mas antes tarde do que nunca, eu nunca quis crescer, virar adulto para mim seria ruim pois iria deixar de brincar, mas hoje brinco de maneiras diferentes, e nunca deixei d eme divertir.

Seu blog é lindinho, és lindinha.

Beijossss

Rubens Correia
www.blogdorubinho.cjb.net

Mar e Vics disse...

gostei muito, vou voltar ao seu blog ;D
eu sempre quis ser um milhão de coisas diferentes, e há algum tempo me dei conta de que quero ser escritora apesar de tudo. e acho que meio que já sou.
sobre o SE... nunca daria para ter certeza do que poderia ter sido ou não. o melhor mesmo é não pensar no "se" (falar é fácil...) =\


baguncasehiperboles.blogspot.com
;*