sexta-feira, dezembro 19, 2008

Eu sei!

No post anterior eu havia dito que contaria sobre a consulta à cartomante. Eu sei! Mas as coisas ficaram mais complicadas do que imaginei, o tempo ficou mais apertado e eu tenho implorado a Deus que faça com que meu dia tenha, pelo menos, 36 horas.

Creio eu que essa fase passará a partir da próxima semana, uma vez que amanhã o Poder Judiciário entra em recesso, o que, no mínimo, significa que eu não precisarei passar o dia na rua fazendo audiências, o que já é grande coisa.

Mas para amanhã, último dia antes do recesso, eu "só" preciso ir ao Fórum Central fazer uma audiencia às 11:00 hrs, correr para um Fórum Regional para realizar diligências no cartório, sair de lá direto para outra Fórum Regional para dar entrada em uma ação e tomar ciência do recurso de uma ação minha,voltar para casa, fazer a réplica da ação da minha afilhada, aprontá-la e partir para outro Fórum Regional para dar entrada (amanhã é prazo fatal!) e, na melhor das hipóteses, arrumar tempo para fazer unha, hidratação no cabelo, pegar cartinha de Papai Noel escrita por crianças carentes nos Correios para comprar presente e mandar e trocar umas roupas que ganhei.


Sério? Cansei só de escrever tudo isso.
- Parem o mundo que eu preciso descer!


"Tua ausência,meu corpo reclama
Em devaneios de sobriedade:
A lembrança me remete à saudade
Do teu cheiro impregnado na minha cama...

Desta tortura, não me poupas:
Castiga-me tal qual os ímpios
Quando minha vontade é de jogar para o alto meus princípios
Acompanhados de cada peça de minha roupa..."

[Christiane Leite]

sexta-feira, novembro 21, 2008

Perguntei ao tempo quanto tempo o tempo tem...

"Fiz um acordo de coexistência pacífica com o tempo: Nem ele me persegue, nem eu fujo dele. Um dia a gente se encontra." (Mario Lago)


Eu sumi. Mas eu juro que sumi por um motivo extremamente justificável: Falta de tempo. Eu cheguei à conclusão ÓBVIA que, para fazer tudo o que eu preciso fazer em um só dia, o meu dia deveria ter, pelo menos, 36 horas. Pelo menos. Daí eu talvez pudesse dormir algumas horas a mais, talvez não precisasse trazer trabalho para casa, talvez até pudesse ter mais tempo para mim. Sabe, às vezes sinto-me perdida. É tanta coisa pedindo minha atenção ao mesmo tempo que fico meio alucinada. Vontade de dar um berro, mesmo sabendo que um único berro não iria solucionar metade dos meus problemas.


Eu já contei que não sou uma especialista em fazer planos. Mesmo porque, caso os fizesse, eles iriam por água abaixo. Eu não consigo fazer planos para um dia de 24 horas, que dirá para um mês com 720 horas ou para um ano com 8760 horas? Não, não dá. É querer ir além das minhas possibilidades. Admiro muito quem faz planos e sabe o tempo certo para conquistar o topo das suas metas. Invejo, até. Não que eu não tenha objetivos. O que eu não tenho é noção de tempo.


Por que essa história? Primeiro porque precisei justificar a falta de tempo plena e absoluta que levou a me afastar um tempinho daqui. Segundo porque lembrei agora que uma pessoa foi jogar cartas para mim e me perguntava a todo momento "você quer saber alguma coisa, algum plano que você queira saber se vai dar certo?" e eu disse que não. Planos eu até tenho, mas para começar a construir a base para que eles comecem a ter forma, eu preciso de tempo. E aí, quando eu começo a pensar no raio do tempo, qualquer plano vai pro beleléu.


Ah. Antes que essa história do jogo de cartas dê o que falar nos
comentários, já deixo registrado que vou falar disso em outro post. A parada é
interessante demais para ficar restrita àlgumas linhas. Posso adiantar que
jamais havia feito isso e -putz!- me surpreendi horrores!


Enfim. Eu não sei como será a semana que vai começar. Provavelmente tão corrida como têm sido todas as demais. Mesmo porque essa semana tem outro pautão de audiências (e quem já leu meus posts anteriores sabe como um pautão acaba comigo) e tem audiências em lugares longínquos que são piores do que a ilha de Lost. Mas eu dou minha palavra que tento voltar pra contar a história do jogo de cartas. Alucinante. Isso, é lógico, se eu tiver tempo.

:)

domingo, novembro 09, 2008

Do futuro, não sei

Nunca tive atração pelo futuro. Ao contrário de muita gente, nunca ficava imaginando como seria o futuro quando assistia o desenho dos Jetsons, não fazia muitos planos enquanto criança para quando fosse adulta (e os poucos que eu fazia, foram furados) e nem gasto muito tempo pensando no que vai acontecer amanhã, apesar de sofrer por antecipação por determinadas coisas. Mas penso que até o fato de sofrer por antecipação é um jeito de não pensar muito no futuro: Como se eu sofresse agora por não saber se poderei sofrer amanhã.


Mas como ninguém é um todo, eu às vezes me pego pensando no que poderia ter sido. Não com arrepedimento, mas com a prerrogativa que todos têm de pensar num futuro, real ou que ´poderia ter sido. Aquela história do "se": Se eu tivesse agido de uma forma diferente, como as coisas seriam? Se eu tivesse realizado certo trabalho, qual resultado teria? Se eu tivesse falado algo diferente do que eu havia dito, será que as coisas mudariam?


Nunca chego à uma conclusão. Às vezes acho que as coisas têm um rumo certo, independentemente das nossas atitudes. Às vezes concordo que "o leve bater de asas da borboleta pode fazer um furacão do outro lado". As questões do tipo "se" são uma retórica. É pensar, pensar, pensar para chegar a lugar algum. O que não pode ser remediado, remediado está. Caso haja a possibilidade de agir diferentemente em uma situação semelhante, acho válido experimentar todas as possibilidades possíveis.


O "se" não é pensar no futuro. É pensar num pseudo-futuro. É pensar nos riscos, é pensar nas possibilidades. Ainda que tudo já estivesse (e esteja) traçado. Acho que o ser humano depende da certeza de que poderia mudar sua história, caso tivesse agido de forma diferente da que agira. Sentir-se dono de suas escolhas. Para ser pleno, só faltar-lhe-á sentir-se também responsável por elas. "Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas".


Arriscar-se. É hipócrita dizer isso quando eu não tenho coragem de me jogar de cabeça em todas as possibilidades. Mas eu dou minha palavra que estou buscando arriscar-me mais, ter coragem de agir, de questionar, de assumir a responsabilidade pelas minhas escolhas. Ou pelo caminho que já está traçado. Sabe-se lá. São tantas as possibilidades...



"Na plenitude da felicidade, cada dia é uma vida inteira"


segunda-feira, novembro 03, 2008

Depois da tempestade...

Tenho que confessar que, há exatamente três meses atrás, uma tempestade se abateu sobre mim. Sabe aquelas cenas típicas de desenho animado que uma nuvenzinha negra fica pairando sobre a cabeça de uma personagem, chovendo torrencialmente e, para onde quer que a personagem corra, a nuvenzinha permanece flutuando em cima de sua cabeça? Pois é. A personagem era eu.


Estou até admirada. Há pouco tempo atrás eu não imaginava ser capaz de tratar disso tão abertamente. Fiquei totalmente sem rumo depois que terminei meu relacionamento de longos quase 3 anos. Imagine só você viver com alguém, fazer planos com alguém, se estruturar plenamente com alguém e, de repente, esse alguém sai da sua vida? Acho que só não pirei porque tinha muita coisa pedindo minha atenção: Minha avó, que acabou falecendo pouco depois; meu trabalho, que estava (e está) cada vez mais punk... Mas quando eu me via sozinha, era só nessa suposta solidão que eu pensava. E chorava horrores.


Digo "suposta" solidão porque, na verdade, em nenhum momento fiquei sozinha. Deus me deu anjos tortos e sem asas para cuidar de mim. E eles estavam sempre por perto, me ouvindo e consolando, rindo e me fazendo rir. Meus amigos... Acho que a coisa não fluiria tão bem se não fossem eles me carregando para nights, para chopps pós-expediente (e olha que eu não bebo!), me ligando a todo tempo para dizer que estavam pensando em mim ou simplesmente me fazendo companhia em casa, sem fazer nada.


Aí, a tendência é a coisa melhorar, né? E melhorou, melhorou muito. Mas só passou de vez recentemente e (pasmem!) exatamente por um motivo que, talvez, devesse me deixar triste. Quando tive ciência de que, para ele, a fila já tinha andado (não que do lado de cá já não tivesse acontecido experimentos nesse sentido), me senti estranhamente bem, mas tão bem que nem consigo explicar. Estou me sentindo uma pessoa tão radiantemente satisfeita que só não digo que sinto-me completa porque ainda falta determinadas coisas. Mas eu dou minha palavra que estou buscando-as com o maior afinco.


Hoje parece que tudo aconteceu há milênios atrás. Nem parece que, há tão pouco tempo, eu estava me lamentando. É meio irracional: Eu sei porque eu me lamentava, mas só hoje vejo que não valia tudo aquilo. Cada um tem o que lhe cabe. Talvez porque tenha, enfim, percebido que sou top demais em comparação a determinadas coisas. E que ninguém é igual, mas quando existem diferenças demais, não tem como dar certo. Definitivamente.


Essencialmente feliz. É como estou. As coisas estão acontecendo: Colocar liberdade, paixão, intensidade e otimismo nas atitudes é bom por demais. Eu sou assim e estava sentindo falta disso. Estou assim com o mundo.


Penso que a tempestade fez um bem danado: Lavou a alma. Isso é tão nítido que até aqueles que me rodeiam, ultimamente, costumam permear conversas me dizendo que estou mais feliz, mais segura e mais bonita. Mal sabem eles que essa felicidade é de dentro pra fora. E essa é a melhor parte disso tudo.


Em tempo: Esse post ficou tão em tom de confissão, tão pessoal, que ainda estou em dúvida se ele fica ou se sai. Espero que não se importem se acabar decidindo que ele deve sair.

sábado, novembro 01, 2008

Promessas íntimas

Ontem teve (mais) um pautão de audiências da empresa que represento. Para quem não sabe, em um dia de pautão, a gente senta numa cadeira, com um juiz e não sai. E isso vai de 10 horas da manhã às 18 horas da noite. São várias audiências durante o dia inteiro. A gente só fica vendo os clientes que acionaram a empresa entrarem, sentarem, fazerem a audiência e saírem para dar lugar a outros clientes. Quase uma modalidade de revezamento olímpico.


Como represento uma empresa, tenho que ir à audiência acompanhada de um funcionário do jurídico da empresa. Mais freqüentemente do que se pode imaginar, somos ofendidos. As pessoas adoram nos xingar, debochar de nós, gritar conosco. Se eu entendesse de psicologia, podia jurar que era a maneira da pessoa descarregar todo o ódio que tem da empresa, apesar de tal desacarrego acontecer nas pessoas erradas. Não temos culpa dos erros da empresa, só estamos ali representando. Mas quem representa, é de fato. Ao menos é o que devem pensar.


Enfim. Eu costumava me estressar quando acontecia alguma coisa desse tipo. Entendam: Já teve advogado que ameaçou me bater. Eu acabei adquirindo uma postura defensiva que me fazia me aborrecer e elevar meu tom de voz (já altamente sonoro) ao leve sinal de que uma dessas ofensas poderiam acontecer. Só não recebia queixas porque até meu estresse é extremamente profissional: Aborrecia-me dentro dos limites, afinal, eu estava em uma audiência, de frente para um juiz e deveria manter uma determinada postura. Segundo um juiz, eu simplesmente sou uma advogada combativa e que veste a camisa da empresa. Um jeito mais delicado de me chamar de estressada, acho.


Por isso, eu decidi mudar um pouco esse meu jeito. Resolvi, depois de conversar com uma pessoa, que eu passaria a contar até 10 antes de me aborrecer. Logo no primeiro dia que decidi fazer isso, uma advogada disse que eu estava sendo extremamente estúpida em uma audiência. Eu tinha uma resposta pronta para ela, na ponta da língua. Mas contei até 10, me segurei, fechei os olhos e não falei mais nada até o fim da audiência. Saí tão irritada da audiência que dei um soco na parede e fiquei reclamando daquilo infinitamente. Reprimir meus instintos me fez um mal danado. O mau-humor se instalou em mim o resto do dia. Mas passou, como tudo passa.


Ontem, no pautão, prometi que nada me tiraria do sério. Uma das primeiras audiências que fiz foi de uma senhora que mentia descaradamente e eu não me alterei. No meio do dia, uma advogada veio pedir para eu adiantar a realização da audiência dele, que seria três horas depois. Eu disse que não podia, senão atrasaria outras várias pessoas com audiências marcadas na frente da dela. Ela disse que eu era a cara da empresa, que nunca facilitava nada e que estava "me achando demais". Eu não respondi. Eu estava transcedentalmente abstraindo todas as coisas que me fariam responder mal educadamente.


Eis que estou em uma audiência em que o cliente foi incluso nos cadastros de restrição ao crédito por não ter pago uma certa fatura. Ele dizia que tinha recebido 2 faturas no mesmo mês e que optou por pagar somente uma. Seria o correto. Mas o que havia ocorrido é que, no meio do mês, ele havia pedido para migrar de um determinado plano para outro. Ou seja, uma fatura daquele mês veio referente ao período até a migração e outra, referente ao período da migração até o final do mês. Nada mais justo.


Expliquei isso e o advogado do cliente disse que eu era uma mentirosa. Meu sangue começou a ferver, mas eu mantive minha calma. Ele disse que isso era só mais uma forma de enganar os clientes e que eu estava sendo cúmplice nessa farsa. E eu continuei mantendo a calma. Eu pedi para que o cliente, então, mostrasse as faturas para a juíza. Nas próprias faturas havia a menção de que uma se referia do dia 1 ao dia 14 daquele mês e a outra, do dia 15 ao dia 30 do mesmo mês. O advogado, então, segurou as faturas, olhou para mim e disse, gritando, que não iria apresentar nada.


Discutimos, ele dizia que a empresa deveria provar o que estava alegando, eu dizia que a empresa só era obrigada a provar aquilo que a parte autora não tem condições de provar. Uma vez que as provas estavam ali, na mão dele, não havia motivo para a empresa fazer a prova. Ele gritava, dizia que eu era mentirosa, burra, mil coisas. Até que contar até 10 deixou de ser suficiente. Eu elevei minha voz, bati com a mão na mesa, e disse que ele estava omitindo provas, agindo de má-fé, e requeri a Juíza que o obrigasse a apresentar as faturas.


Ela determinou. Ele jogou as faturas na mesa, quase caíram no meu colo. Recuperei a calma e mostrei que as faturas diziam exatamente o que eu havia explicado. Não satisfeito, o advogado disse que tinha várias ações contra a empresa e que ganhava dinheiro em todas. Eu respondi dizendo que isso só mostrava a intenção dele de lucrar, não de resolver o problema. Um modo delicado de chamá-lo de picareta.


Resultado? Lógico que ele perdeu. Azar do cliente, que contratou um advogado destemperado. Eu também perdi, porque acabei descumprindo com a promessa que tinha feito a mim mesma. Mas se, por menos, eu me reprimi e, logo após, dei um soco na parede, imagina só se eu tivesse me reprimido dessa vez?




P.S.1: A promessa continua de pé. Estou fazendo o meu possível, palavra.

P.S.2: Engraçado como, pela primeira vez desde que terminei meu relacionamento, há 3 meses, eu estou me sentindo bem. E não é bem de "vida que segue", não. É bem de muito bem mesmo. Estou me sentindo mais feliz, mais agradável, mais realizada, mais livre, mais interessante de se conviver e muito mais bonita. Nunca pensei que algo desse tipo pudesse me fazer tão bem! Meu ego não pára de agradecer.

P.S.3: Tá, eu sei que está enoooorme o texto. Mas se você chegou aqui e leu tudo, você viu que eu precisava contar minuciosamente para ser bem compreendida...

=]

domingo, outubro 26, 2008

Quatro espinhos para se defender do mundo

Outro dia estava me dando conta da fragilidade do ser humano em relação a tudo na vida. Parece complexo, filosófico, mas é tão fácil de entender: Imagine-se dentro de um avião, voando entre as nuvens, a quilômetros de distância do solo. Você olha para baixo e não vê nada além de pontinhos. E esses pontinhos são árvores, arranha-céus. O ser humano é invisível, visto do alto.


Acho que essa é a melhor imagem para expressar a insignificância de uma só pessoa. Se você sobrevoa um deserto, por exemplo, você vê um infinito cor-de-areia e só. Se houver uma pessoa lá, agitando os braços e gritando, não vai passar de um pequeno grão de areia, visto bem do alto, acima das nuvens. Agora, imagine só se, ao invés de uma só pessoinha, exista um batalhão de nômades se deslocando no meio do deserto. Um pontinho no meio do nada é totalmente invisível. Porém, milhares de pontinhos no meio do nada representam a força que pode criar uma nova visão do mundo.


A rosa do Pequeno Príncipe, do livro do Antoine de Saint-Exupéry, tinha apenas quatro pequenos espinhos para se defender do mundo e, por isso, o Pequeno Príncipe precisou voltar. Porque sentia-se responsável por ela. Porque qualquer coisa além dos quatro pequenos espinhos já seria de grande valia.


Sei que há determinadas coisas que não deveriam entrar em discussão, porque, em geral, são controversas. Religião, time de futebol, política. Mas, independentemente disso (e sem entrar no mérito de voto certo ou voto errado, apesar de ter mil convicções ideológicas), acredito que seja importante a união da sociedade por um futuro melhor para si. Lógico que a pessoa que a sociedade vai eleger é o alicerce, mas o tijolinho que vai fazer com que a edificação se equilibre é cada cidadão (ah, vá, eu não sou engenheira, mas acho que deu pra entender). Uma vez que o alicerce é escolhido com cuidado, que se possa garantir que a base para a construção é boa e que cada tijolinho una-se a outro por um bem comum, as coisas têm tudo para dar certo.


É aquela história. Quatro pequenos espinhos são pouca coisa para se defender do mundo. Mas quatro espinhos, com mais quatro espinhos, com mais quatro espinhos... O mundo fica bem mais fácil de ser encarado.


Be yourselves!
=)

sexta-feira, outubro 24, 2008

Sistema da reciprocidade

Às vezes ainda me surpreendo com as pessoas. Eu já devia estar cascuda, ciente de que as pessoas sempre são capazes de surpreender-nos (positiva ou negativamente) e que, por mais tempo de convívio que possa existir, a gente nunca conhece alguém suficientemente bem. Nem a nós mesmos, eu acho. Mas aí são outros quinhentos. O cerne da questão é que eu não entendo como existem pessoas que ainda vivem sob um regime ditatorial de "eu te desejo o que você deseja pra mim". Resumindo, algo na base de um sistema de reciprocidade, onde uma atitude depende da atitude de terceiros. Ação e reação.


Provavelmente essa é mais uma característica da minha personalidade bobona e sonhadora, mas eu sempre achei que as pessoas devessem "fazer o bem sem olhar a quem". Agir sem o intuito do retorno, agir por instinto; até por intuição, que seja. Mas agir bem, indiscriminadamente, independentemente do que há de receber em troca da atitude. Sempre achei que não havia mérito nenhum em agir de maneira louvável, porém esperando algo em troca. Mérito há quando a atitude é independente de retorno.


Por quê raios essa história? Hoje estava fazendo audiências numa comarca mega-distante. O dia inteirinho, de 10 horas da manhã até às 17 horas da tarde. Muito, mas muuuuito irritada de ter ido para tão longe debaixo de um sol escaldante. Estava esperando uma das audiências quando chega uma senhora, com uma sacola numa mão e, na outra, com uma senhora ainda mais velhinha. Disse que estava lá para entregar um enxoval de bebê para uma senhora que trabalhava no Fórum que conhecia uma menina que ia ter bebê naquele dia, mas, como pensava em abortar, não havia feito enxoval e nem tinha dinheiro para tal.


Conversamos mais: Ela me contou que a senhora velhinha que estava com ela era a mãe dela, de 92 anos e que estava debilitada porque trabalhava muito fazendo roupinhas de bebê e esquecia de se alimentar (!!!). Mas que tinha saúde de ferro, melhor do que a minha: Colesterol, glicose, nenhum problema ósseo. Contou que teve um problema com um banco, processou, ganhou um dinheiro e comprou um carro, o que a ajuda a carregar a mãe pra cima e pra baixo. Contou que não faz parte de ONG nenhuma, que fica sabendo de pessoas que precisam de ajuda, vai lá e ajuda. Simples assim.


A senhora não age pensando no retorno, mas é iluminada até dizer chega. Tem tudo o que precisa e faz o que por bem lhe parece. Fiquei encantada com ela. É o tipo de pessoa que eu gostaria de ter presente na minha vida. Acabei, é claro, ajudando não só a senhora como a mãe que ia ter bebê naquele dia: Comprei alguns pacotes de fraldas numa farmácia perto do Fórum e algumas roupinhas de bebê numa lojinha perto também, para a senhora poder montar outros enxovais. E prometi enviar tecido para ela fazer mantas, que ela disse que adora fazer.


É assim que foi e é assim que a vida deveria ser. Sempre.


Em tempo: Estou (finalmente) satisfeitíssima com minha condição de "mulher solteira". Não sei bem porquê, mas um dia desses me deu um estalo e eu vi que a coisa podia ser muito boa para mim. E, cá entre nós (chega perto que vou contar um segredo), já está sendo...

domingo, outubro 19, 2008

Where there's a will...

Não sei bem qual filósofo (eu acho que foi Lacan) dizia que qualquer desejo que tenha o ser humano é uma fantasia. A seu turno, qualquer fantasia deve ser algo irreal, pois a partir do momento que a desejo é alcançado, não é mais desejo (e, por conseguinte, também deixa de ser fantasia): É pura e simplesmente a realidade. Por esse prisma, meu desejo, quando criança, de um dia ser paquita era fantasia e estava predestinado a sê-lo para sempre, pois é uma realidade que jamais seria alçada. O desejo, então, deve ter seu objeto sempre ausente, a fantasia é uma forma de vislumbrar o impossível.


Parece até que eu sou uma exímia conhecedora de filosofia, mas -pasmem!- eu odiava filosofia quando estava na faculdade e acho que só não levei esse sentimento adiante porque tive a felicidade de só ter um período de ensino filosófico, o que já foi demais para minha mente naturalmente perturbada: Não gostei da idéia de ter alguém que diga que sempre há um motivo para as coisas serem e acontecerem do jeito que são e acontecem. Nunca me agradou esse lance de busca pela razão de ser: Mais fácil compreender que é e ponto final.


Por um lado, acho que a idéia desse filósofo tem nexo, seu "quê" de verdade. Porém, por outro lado, penso que é só mais uma forma besta de encontrar um motivo para que não consigamos tornar reais determinados sonhos. Assim, "você não alcançou seu desejo, que pena, mas olha só: o desejo, para ser desejo, precisa ser inalcançável. Não fique triste, você é filosoficamente humano". Grande contentamento.


É sempre mais fácil encontrar uma explicação (viável ou não) para os desenganos do que admití-los. É mais fácil crer que a fantasia sempre será irreal do que crer que, por algum motivo, aquilo que tanto se deseja não vai se concretizar. Cair na real é difícil mesmo: Dói, traz frustração e um baita vazio. Mas, dizem por aí, que a cada obstáculo, há um aprendizado. E que sempre há algo melhor reservado a quem merece.


Ainda que seja uma forma de consolo como a filosofia de Lacan (supondo que tenha sido ele mesmo), é mais razoável crer que houve sim o fracasso na busca de um desejo do que atribuir ao destino tal fracasso, uma vez que o desejo seria predestinado a ser fantasia ad eternum. Fracassou: Sofra, chore. A marca vai ficar, a cicatriz por vezes é perpétua, mas, ao menos, houve a busca pela Terra do Nunca. Pior seria acreditar desde o início que era apenas fantasia. Só é realmente feliz quem sonha e busca tornar real tal sonho.


"... Viver profundamente e sugar a essência da vida (...) e não, ao morrer, descobrir que não havia vivido."



sábado, outubro 18, 2008

McTerapia

As pessoas têm uma tendência a surpreender. Até aí, ótimo: A vida seria muito sem-graça se tivesse script e roteiro planejados. Estar ciente do futuro é algo que jamais me encheu os olhos. Ruim mesmo é quando as pessoas surpreendem de forma negativa.


Pode não parecer, mas eu tenho uma disposição natural a achar que o mundo é "cor-de-rosa-Hello-Kitty" e que as nuvens são feitas de algodão doce. Tenho uma inclinação a acreditar nas pessoas: No que elas falam, no que prometem, no que pensam, no que fazem. Obviamente, isso é ridículo.


Já tentei mudar, mas há certas nuances da nossa personalidade que não mudam facilmente. Poucas pessoas me conhecem profundamente a ponto de dizer, com certeza plena e absoluta, que todo esse jeito extrovertido, forte e confiante é só uma fachada. Esses me conhecem bem. Eu sou vulnerável, sou utópica, sou incorrigivelmente lírica como um poema parnasiano, acredito nas pessoas e -pasmem!- eu não sou feita de ferro.


Talvez por isso as pessoas julguem que nada é capaz de me atingir e ajam como se no dia seguinte, eu fosse superar determinadas atitudes. Não sou de guardar ressentimentos, mesmo; sou boba até. Mas também não tenho a facilidade de superar adversidades, sejam elas do passado ou do presente. Sabe, uma hora cansa ser legal, acreditar, mergulhar de cabeça. Quebrar a cara dói e é difícil a cicatrização.


É por essas é outras que eu preciso crescer. O mais rápido possível.


[Post totalmente reflexivo, auto-analítico e de "foco umbilical". Não fiquem bolados se acaso eu resolver deletá-lo daqui a um tempo].

terça-feira, outubro 07, 2008

O que eu queria ser quando crescesse

Eu era uma criança meio delirante. Não que não seja mais: Continuo criança e continuo meio delirante. Só que quando a gente é criança, os delírios sobre o futuro são encarados como algo bonitinho, no diminutivo mesmo, que é pra depreciar o plano da criança para seu futuro. Quem é que nunca ouviu:

- Que bonitinho, ela quer ser uma bailarina famosa!
- Que bonitinho, ele quer ser cientista!


Eu queria ser professora-bailarina-advogada. Vendo por um prisma, eu fiz tudo o que eu queria. Fiz balé até o nível profissional e só parei pra me dedicar ao curso de inglês. Aos 17 anos me formei como professora de inglês e vi que esse lance de dar aula com metodologia certinha não é pra mim: Abri mão de ser professora pra me dedicar totalmente à faculdade de Direito. Quando eu tinha 22 anos, me formei, passei com nota 10 na temida prova da OAB e me tornei advogada.


Não fui uma criança de sonhar muito alto. Nunca quis ser famosa, nunca quis ser Madonna e o mais perto que cheguei de me imaginar como Paquita foi dançando pra minha mãe na sala lá de casa. Apesar de gostar de aparecer, fazer parte dos shows de talentos do colégio desde sempre, eu não sonhava muito com o que queria ser. Apenas que queria ser bailarina-professora-advogada. E fui.


Hoje em dia eu fico pensando no que eu poderia ter sido, além de bailarina-professora-advogada. E se, ao invés disso, meu sonho fosse ser modelo-apresentadora-atriz? E se eu não tivesse pensado capitalistamente e tivesse feito sociologia ao invés de Direito? E se eu não tivesse desistido do ballet, da docência, do teatro? E se...?


Uma pessoa muito importante na minha vida dizia que não existe "se". Existe sim, mas não deveria. As pessoas deveriam se preocupar menos com o passado. O livre-arbítrio nos dá uma gama infinita de possibilidades: Se a opção é a porta n° 1, pra quê cargas d'água querer ver o que tinha na porta 2 e na 3? Pra que ver como poderia ser diferente, se a escolha foi feita e o rumo tem que ser o da porta n° 1, ainda que lá dentro tenha um macaco...?


Soa até hipócrita eu falar isso. Logo eu, que -invariavelmente- passo horas pensando no que poderia ter sido. Mas é tão desgastante pensar num passado que não foi e num futuro que não será, que hoje em dia acho mais racional gastar minha energia em pensar como me livrar do macaco da porta n° 1 do que pensar nas coisas que poderia ter ganho nas portas 2 e 3.


Sobre o título do post, ainda dá tempo: Não cresci muita coisa. Do alto dos meus 1.62m, acho que ainda posso querer ser muita coisa quando crescer.
*_*


P.S.: Não sei porquê raios, mas agorinha percebi que meu post anterior sumiu. Esquisito.

terça-feira, setembro 23, 2008

Indiferença involuntária

Não sei se já comentei por aqui, mas tenho uma memória curtíssima. Não venham psicólogos dizer que tenho "memória seletiva", tenho é falta de memória mesmo. Perda de memória recente.


Aliás, esse lance de memória é engraçado. Minto: A mente humana é engraçada. Sou capaz de lembrar a reclamação de alguém feita numa audiência que fiz há meses atrás só pelo nome da pessoa, mas não sou capaz de reconhecê-la se estiver cara a cara com ela. E isso aconteceu hoje.


Estava esperando minha audiência e veio uma senhora falar comigo. A primeira coisa que ela disse foi "Desculpa". Uma vez que eu não a reconheci, fiz cara de paisagem e não falei nada. Acho que ela entendeu que "quem cala, consente" e que eu havia aceito o pedido de desculpa e começou a se explicar: Disse que "no dia da audiência ela estava nervosa porque a filha dela tava doente, sozinha com a mãe dela,uma senhora idosa" e blá blá blá. Aí que caiu a ficha: Provavelmente ela fez audiência comigo e foi mais uma das clientes que entram com ação contra a empresa que represento que já vão para a audiência com ódio no coração, querendo matar a bucha da advogada. Porém, como eu não havia reconhecido a mesma, eu simplesmente fui involuntariamente indiferente a tudo o que ela dizia.


No início confesso que pensei "Não lembro dela, mas dane-se: Se ela me maltratou a toa, merece essa minha indiferença involuntária". Mas depois fiquei pensando que pedir desculpa é um ato louvável. E que eu deveria lembrar dela daquele momento em diante, porque já dá pra perceber que é humana, sabe que erra e pede perdão. Logicamente, ficou só na intenção: Se você me perguntar como é a criatura, já não lembro mais. Não é por querer, mas a imagem dela já se esvaiu em algum buraco negro da minha mente.


Enfim, não dá pra chorar pelo leite derramado. Já perdi a imagem dela e, provavelmente, se passar por ela na rua, sequer vou olhar como quem pensa "conheço essa pessoa". E ela vai me achar uma nojenta e vai pensar que foi uma boba em pedir desculpa pra uma advogada tão metida.


Coisas da mente humana.

domingo, setembro 21, 2008

2009 urgente

Só esse ano eu perdi meu tio, terminei um namoro de quase 3 anos e, agora, perdi minha avó.


2009, dá pra chegar logo ou tá difícil...?
=(

terça-feira, setembro 16, 2008

Os infelizes

Não. Esse título não é para mim. Eu estou mega-feliz. Mas às vezes sinto-me rodeada de pessoas infelizes. E olha que nem estou falando daquele sujeito que quer te queimar no seu trabalho, nem daquela pessoa que só ocupa o tempo falando balelinha no ouvido alheio, nem daquela criatura insuportável que, por algum motivo, tem que receber sempre um sorriso amarelo cordial. Refiro-me aos infelizes anônimos.


Um exemplo bom é o do post anterior. Quem foi Murphy? Só se sabe que foi um infeliz pessimista que caiu na boca do povo. Entre ficar calada e ser lembrada pelos meus comentários pessimistas acerca do universo (que nem aquela hiena do desenho, a Hardy), eu preferia manter-me calada.


Outro exemplo (e esse é o protagonista desse post) é o infeliz membro do Poder Judiciário que inventou uma coisa chamada pautão.


Para quem não sabe, pautão de audiências é quando um juiz resolve reunir uma
quantidade absurda de ações contra uma mesma empresa e passar o dia todinho
fazendo audiências dessa empresa. Geralmente reunem uma média de 50 a 70
audiências em um só dia, com uma só empresa.




Como vocês já sabem, eu advogo para a Empresa com maior número de ações ajuizadas nos Juizados Especiais Cíveis do Rio de Janeiro (talvez do Brasil). Ou seja, a pauta normal de audiências diárias já é punk. Quando tem pautão, é coisa pra sentar e chorar, afinal, além das audiências "normais" de um dia "normal" dessa empresa, temos a graça de ter mais 60 em um só local. Não é glorioso?


Pois é. O lance é que eu sou a Miss Pautão. Tem pautão, eu estou lá. Na última sexta-feira eu resolvi pesar a mala que levo com as pastas das ações do pautão: 20 Kgs. Não bastasse carregar esse peso, ainda fico revezando entre uma audiência e outra, me virando pra dar conta de todas até, sendo otimista, umas 18:30 hrs. Direto. Almoçar? Você deve estar brincando. Ficar cansada? Quem dera poder me dar a esses luxos.


Aí fico eu cá pensando com meus botões: Isso é moda hoje em dia, a maioria dos Juizados adora um pautão. De fato, o livro "O Menino do Dedo Verde" tem uma frase que diz "a gente se acostuma a tudo, até às coisas mais estranhas". É verdade. Hoje em dia eu até consigo curtir um dia de pautão. Tudo bem. Mas fico imaginando quem foi o infeliz desocupado que inventou esse negócio. O cara ele tem que ter muito saco, tem que ter muito tempo disponível e tem que ganhar muito bem para ter coragem de inventar uma coisa dessas.


Esse é um infeliz anônimo. E é melhor que continue, porque Deus sabe do que sou capaz se um dia descobrir quem é esse infeliz.



terça-feira, setembro 09, 2008

Mais uma da série "Murphy me persegue".

Sabe aquele negócio de "ócio criativo"? Pois é. De tanto se perseguida, acossada e molestada pela famosa Lei de Murphy, resolvi um dia procurar saber quem foi esse infeliz. Edward Murphy foi um engenheiro aeroespacial americano e sua biografia não tem nada de tão interessante, a não ser trazer à baila a infeliz constatação que toda uma Humanidade já sabia, mas que, ao meu ver, não precisava se tornar "Lei".


Mas por quê raios tanto ódio no coração? Porque eu sempre lembro desse infeliz quando as coisas acontecem da pior maneira possível. Como agora: Acabei de chegar à porta de casa, com cinco pastas de audiências nos braços, falando ao celular com o escritório e morrendo de vontade de fazer xixi.


Toquei a campainha. Ninguém em casa. Desliguei celular e passei a procurar a chave na bolsa. Necas. Só consegui encontrar quando as pastas caíram no chão. Lógico que a vontade de fazer xixi só aumentou. E a chave ainda resolveu prender na fechadura. Não pensei duas vezes: Entrei, fiz xixi, depois voltei pra buscar as pastas no chão e desprender a chave (que, óbvio, soltou na maior facilidade).


Às vezes acho que minha vida é tão surreal que parece novela da Record. Definitivamente, Murphy era otimista...

domingo, setembro 07, 2008

O que você vai contar para seus filhos?

Disseram-me que ando muito esquisita. Que não sou mais como antigamente.


Engraçado como meu passado me persegue. Depois de 3 anos de formada, estou trabalhando com 4 pessoas que foram "meus" calouros na faculdade. E aí é um tal de "caramba, eu lembro daquilo que você fez... Não foi você?". E eu fico com aqueeeeele sorriso amarelo e tenho que assumir: É, fui eu.




Fui eu que disse apareci na TV em plena Copa do Mundo pedindo nota 10 para o professor me passar de ano [e consegui].


Fui eu a primeira pessoa na minha faculdade a ser expulsa de sala de aula.



Fui eu que fiquei toda encharcada depois que um amigo despejou um extintor de incêndio [o de água, não aquele químico] em mim.



Fui eu que tentei escalar o telhado da faculdade que nem Gabriela para buscar meu scarpin que meu amigo tinha atirado lá.



Fui eu que chamei uma professora pra "resolver uma parada fora da faculdade". Comigo é [era] assim. =P



Fui eu que troquei de lugar os vasos de plantas da faculdade, que iam parar na sala do coordenador inexplicavelmente, por obra dos espíritos zombeteiros.



Fui eu que, vestida de beca, furtei as provas do último período [essa tá registrada por foto, não tem como negar].



Fui eu que tirei as fotos do convite de formatura de beca e óculos escuros pra disfarçar a olheira de ressaca [eu ainda bebia!].



Fui eu que entrei na sala de aula, peguei uma pauta de presença às aulas e apaguei todas as minhas faltas.



E, entre tanta coisa, fui eu uma das pessoas vítimas de um abaixo-assinado para ser jubilada da faculdade [que, óbvio, não vingou].



Respondendo a pergunta-título do post: Aos meus filhos, contarei somente que fui ótima aluna, que tinha notas maravilhosas [é incrível, mas é verdade], que passei na prova da OAB com nota 10, que meu projeto da pós-graduação também foi nota 10. Um dia eu conto o restante. Eles merecem saber [um dia], o legado que mamãe deixou. Mas só quando estiverem já com o caráter formado. Mamãe não foi um exemplo muuuuuuito bom... ;-)


Enfim, mudei sim. Acontece que depois de alguns anos, um namoro-quase-noivado, um término, alguns empregos, três pós-graduações, noites mal-dormidas, dias mal-aproveitados e uma gama de sentimentos indescritíveis, eu acabei mudando. A vida clama por mudanças, bicho. Uma hora ou outra. E eu só me rendi à elas.





P.S.: Só pra constar: Sair com amigos faz um bem danado pra alma! Chega de sofrimento, né? Depois de um mês, vou vivendo a minha vidinha: Errando, mas com estilo. ;-)

quinta-feira, agosto 28, 2008

Assaltada!!

Sabe aqueles emails que a gente recebe, com poeminhas e pá...? Pois é. Recebi um desses outro dia.


Assim que li a primeira frase do poema, pensei "Ih, eu já li esse poema. Acho que é do Drummond". E continuei a ler.


Na segunda estrofe, eu me dei conta: Aquele poema era meu, eu havia escrito quando tinha uns 18 anos e inclusive tenho ainda o manuscrito dele! Seria até legal ter o reconhecimento de ter um poema meu divulgado na internet. Muitos deles já foram publicados em jornais, revistas... Adoraria tê-lo divulgado. Mas (e a vida está cheia de conjunções adversativas), nem tudo é tão legal.


Quando cheguei ao fim do poema, este estava creditado a um certo "Autor desconhecido". Eu. A autora desconhecida.


Senti-me assaltada. Senti como se tivessem tirado de mim um bem meu, só meu, sem questionar, sem pedir, na maior invasão possível. Minha vontade foi de chorar. O poema era meu. Não era nem um dos meus prediletos, mas era meu. Agora deixou de sê-lo: Agora ele é do mundo.


Enfim, poema meu creditado a um "autor desconhecido". Parece besteira, mas não é. Não que eu queira ser conhecida. Mas ser tão amplamente desconhecida é, no mínimo, desconcertante.



P.S.: Pretensão absuuuuurda pensar que o tal poema seria de Drummond, não? Tsc... =P


quinta-feira, agosto 14, 2008

Quarentena

Para quem ainda não sabe, eu sou advogada de uma mega empresa de telefonia.

No "jargão da telefonia", diz-se que a linha está em quarentena desde o momento em que a mesma fica suspensa por algum motivo, porém ainda sob titularidade do usuário, que pode resgatá-la a qualquer momento atéééé o momento em que a linha acaba sendo disponibilizada para um novo usuário diante da inércia do usuário antigo para resgatá-la.


Fato: Eu estou em quarentena.


domingo, agosto 10, 2008

Notícias

Nah. As coisas não estão bem ainda não. Saudade faz sofrer e dói, mas dói de um jeito que eu jamais imaginei. Mas dizem que passa. Não me resta alternativa senão acreditar.


P.S.: Como vocês devem saber, o Google está colocando imagens do seu logo em homenagem às Olimpíadas. Até aí, nada, sempre colocam mesmo. O fato é que esse aí eu achei uma gracinha... =P

quarta-feira, agosto 06, 2008

The End

Cara.
Vou te falar.
Terminar um relacionamento de anos é difícil pra caramba. Ainda mais quando ainda se ama o parceiro.
Nunca antes havia sofrido o que sofri, nunca havia sentido o vazio que senti, nunca pensei que doesse do jeito que dói.
Resumo da ópera: Tô em off por um tempo. Eu preciso [e muito].
Desculpem-me.



quarta-feira, julho 16, 2008

À Leite

Eu tinha um blog. Não, eu tenho um blog, o http://morangosaleite.blogger.com.br/. Mas sabe quando uma coisa já não tem mais a sua cara? Um microvestido que você usava quando tinha 15 anos e um corpinho com tudo em cima, uma cortina que enfeitava seu quarto de criança, toda rosinha e cheia de babadinhos, umas saias e batas indianas que entupiam seu armário quando você teve aquela fase meio hippie...

Pois é. O meu "Morangos à Leite" era muito a minha cara. Mas ele era a cara da Christiane com 20 anos. Tinha até um slogan besta, muito besta, que eu até tenho vergonha de repoduzir aqui. Não apaguei o blog somente e tão-somente porque lá escrevi coisas que -certamente- vou querer ler e reler. Talvez seja um dos meus maiores espelhos: Um espelho que reflete uma imagem do passado com mais perfeição.

Tudo muda. Deixo de ser acompanhada de morangos e passo a convidá-los a deleitarem-se com minha companhia. Ah, vai, até que é um bom convite...

Então é isso. Welcome to my new world.


BlogBlogs.Com.Br