Outro dia estava me dando conta da fragilidade do ser humano em relação a tudo na vida. Parece complexo, filosófico, mas é tão fácil de entender: Imagine-se dentro de um avião, voando entre as nuvens, a quilômetros de distância do solo. Você olha para baixo e não vê nada além de pontinhos. E esses pontinhos são árvores, arranha-céus. O ser humano é invisível, visto do alto.
Acho que essa é a melhor imagem para expressar a insignificância de uma só pessoa. Se você sobrevoa um deserto, por exemplo, você vê um infinito cor-de-areia e só. Se houver uma pessoa lá, agitando os braços e gritando, não vai passar de um pequeno grão de areia, visto bem do alto, acima das nuvens. Agora, imagine só se, ao invés de uma só pessoinha, exista um batalhão de nômades se deslocando no meio do deserto. Um pontinho no meio do nada é totalmente invisível. Porém, milhares de pontinhos no meio do nada representam a força que pode criar uma nova visão do mundo.
A rosa do Pequeno Príncipe, do livro do Antoine de Saint-Exupéry, tinha apenas quatro pequenos espinhos para se defender do mundo e, por isso, o Pequeno Príncipe precisou voltar. Porque sentia-se responsável por ela. Porque qualquer coisa além dos quatro pequenos espinhos já seria de grande valia.
Sei que há determinadas coisas que não deveriam entrar em discussão, porque, em geral, são controversas. Religião, time de futebol, política. Mas, independentemente disso (e sem entrar no mérito de voto certo ou voto errado, apesar de ter mil convicções ideológicas), acredito que seja importante a união da sociedade por um futuro melhor para si. Lógico que a pessoa que a sociedade vai eleger é o alicerce, mas o tijolinho que vai fazer com que a edificação se equilibre é cada cidadão (ah, vá, eu não sou engenheira, mas acho que deu pra entender). Uma vez que o alicerce é escolhido com cuidado, que se possa garantir que a base para a construção é boa e que cada tijolinho una-se a outro por um bem comum, as coisas têm tudo para dar certo.
É aquela história. Quatro pequenos espinhos são pouca coisa para se defender do mundo. Mas quatro espinhos, com mais quatro espinhos, com mais quatro espinhos... O mundo fica bem mais fácil de ser encarado.
Be yourselves!
=)
domingo, outubro 26, 2008
sexta-feira, outubro 24, 2008
Sistema da reciprocidade
Às vezes ainda me surpreendo com as pessoas. Eu já devia estar cascuda, ciente de que as pessoas sempre são capazes de surpreender-nos (positiva ou negativamente) e que, por mais tempo de convívio que possa existir, a gente nunca conhece alguém suficientemente bem. Nem a nós mesmos, eu acho. Mas aí são outros quinhentos. O cerne da questão é que eu não entendo como existem pessoas que ainda vivem sob um regime ditatorial de "eu te desejo o que você deseja pra mim". Resumindo, algo na base de um sistema de reciprocidade, onde uma atitude depende da atitude de terceiros. Ação e reação.
Provavelmente essa é mais uma característica da minha personalidade bobona e sonhadora, mas eu sempre achei que as pessoas devessem "fazer o bem sem olhar a quem". Agir sem o intuito do retorno, agir por instinto; até por intuição, que seja. Mas agir bem, indiscriminadamente, independentemente do que há de receber em troca da atitude. Sempre achei que não havia mérito nenhum em agir de maneira louvável, porém esperando algo em troca. Mérito há quando a atitude é independente de retorno.
Por quê raios essa história? Hoje estava fazendo audiências numa comarca mega-distante. O dia inteirinho, de 10 horas da manhã até às 17 horas da tarde. Muito, mas muuuuito irritada de ter ido para tão longe debaixo de um sol escaldante. Estava esperando uma das audiências quando chega uma senhora, com uma sacola numa mão e, na outra, com uma senhora ainda mais velhinha. Disse que estava lá para entregar um enxoval de bebê para uma senhora que trabalhava no Fórum que conhecia uma menina que ia ter bebê naquele dia, mas, como pensava em abortar, não havia feito enxoval e nem tinha dinheiro para tal.
Conversamos mais: Ela me contou que a senhora velhinha que estava com ela era a mãe dela, de 92 anos e que estava debilitada porque trabalhava muito fazendo roupinhas de bebê e esquecia de se alimentar (!!!). Mas que tinha saúde de ferro, melhor do que a minha: Colesterol, glicose, nenhum problema ósseo. Contou que teve um problema com um banco, processou, ganhou um dinheiro e comprou um carro, o que a ajuda a carregar a mãe pra cima e pra baixo. Contou que não faz parte de ONG nenhuma, que fica sabendo de pessoas que precisam de ajuda, vai lá e ajuda. Simples assim.
A senhora não age pensando no retorno, mas é iluminada até dizer chega. Tem tudo o que precisa e faz o que por bem lhe parece. Fiquei encantada com ela. É o tipo de pessoa que eu gostaria de ter presente na minha vida. Acabei, é claro, ajudando não só a senhora como a mãe que ia ter bebê naquele dia: Comprei alguns pacotes de fraldas numa farmácia perto do Fórum e algumas roupinhas de bebê numa lojinha perto também, para a senhora poder montar outros enxovais. E prometi enviar tecido para ela fazer mantas, que ela disse que adora fazer.
É assim que foi e é assim que a vida deveria ser. Sempre.
Em tempo: Estou (finalmente) satisfeitíssima com minha condição de "mulher solteira". Não sei bem porquê, mas um dia desses me deu um estalo e eu vi que a coisa podia ser muito boa para mim. E, cá entre nós (chega perto que vou contar um segredo), já está sendo...
Provavelmente essa é mais uma característica da minha personalidade bobona e sonhadora, mas eu sempre achei que as pessoas devessem "fazer o bem sem olhar a quem". Agir sem o intuito do retorno, agir por instinto; até por intuição, que seja. Mas agir bem, indiscriminadamente, independentemente do que há de receber em troca da atitude. Sempre achei que não havia mérito nenhum em agir de maneira louvável, porém esperando algo em troca. Mérito há quando a atitude é independente de retorno.
Por quê raios essa história? Hoje estava fazendo audiências numa comarca mega-distante. O dia inteirinho, de 10 horas da manhã até às 17 horas da tarde. Muito, mas muuuuito irritada de ter ido para tão longe debaixo de um sol escaldante. Estava esperando uma das audiências quando chega uma senhora, com uma sacola numa mão e, na outra, com uma senhora ainda mais velhinha. Disse que estava lá para entregar um enxoval de bebê para uma senhora que trabalhava no Fórum que conhecia uma menina que ia ter bebê naquele dia, mas, como pensava em abortar, não havia feito enxoval e nem tinha dinheiro para tal.
Conversamos mais: Ela me contou que a senhora velhinha que estava com ela era a mãe dela, de 92 anos e que estava debilitada porque trabalhava muito fazendo roupinhas de bebê e esquecia de se alimentar (!!!). Mas que tinha saúde de ferro, melhor do que a minha: Colesterol, glicose, nenhum problema ósseo. Contou que teve um problema com um banco, processou, ganhou um dinheiro e comprou um carro, o que a ajuda a carregar a mãe pra cima e pra baixo. Contou que não faz parte de ONG nenhuma, que fica sabendo de pessoas que precisam de ajuda, vai lá e ajuda. Simples assim.
A senhora não age pensando no retorno, mas é iluminada até dizer chega. Tem tudo o que precisa e faz o que por bem lhe parece. Fiquei encantada com ela. É o tipo de pessoa que eu gostaria de ter presente na minha vida. Acabei, é claro, ajudando não só a senhora como a mãe que ia ter bebê naquele dia: Comprei alguns pacotes de fraldas numa farmácia perto do Fórum e algumas roupinhas de bebê numa lojinha perto também, para a senhora poder montar outros enxovais. E prometi enviar tecido para ela fazer mantas, que ela disse que adora fazer.
É assim que foi e é assim que a vida deveria ser. Sempre.
Em tempo: Estou (finalmente) satisfeitíssima com minha condição de "mulher solteira". Não sei bem porquê, mas um dia desses me deu um estalo e eu vi que a coisa podia ser muito boa para mim. E, cá entre nós (chega perto que vou contar um segredo), já está sendo...
domingo, outubro 19, 2008
Where there's a will...
Não sei bem qual filósofo (eu acho que foi Lacan) dizia que qualquer desejo que tenha o ser humano é uma fantasia. A seu turno, qualquer fantasia deve ser algo irreal, pois a partir do momento que a desejo é alcançado, não é mais desejo (e, por conseguinte, também deixa de ser fantasia): É pura e simplesmente a realidade. Por esse prisma, meu desejo, quando criança, de um dia ser paquita era fantasia e estava predestinado a sê-lo para sempre, pois é uma realidade que jamais seria alçada. O desejo, então, deve ter seu objeto sempre ausente, a fantasia é uma forma de vislumbrar o impossível.
Parece até que eu sou uma exímia conhecedora de filosofia, mas -pasmem!- eu odiava filosofia quando estava na faculdade e acho que só não levei esse sentimento adiante porque tive a felicidade de só ter um período de ensino filosófico, o que já foi demais para minha mente naturalmente perturbada: Não gostei da idéia de ter alguém que diga que sempre há um motivo para as coisas serem e acontecerem do jeito que são e acontecem. Nunca me agradou esse lance de busca pela razão de ser: Mais fácil compreender que é e ponto final.
Por um lado, acho que a idéia desse filósofo tem nexo, seu "quê" de verdade. Porém, por outro lado, penso que é só mais uma forma besta de encontrar um motivo para que não consigamos tornar reais determinados sonhos. Assim, "você não alcançou seu desejo, que pena, mas olha só: o desejo, para ser desejo, precisa ser inalcançável. Não fique triste, você é filosoficamente humano". Grande contentamento.
É sempre mais fácil encontrar uma explicação (viável ou não) para os desenganos do que admití-los. É mais fácil crer que a fantasia sempre será irreal do que crer que, por algum motivo, aquilo que tanto se deseja não vai se concretizar. Cair na real é difícil mesmo: Dói, traz frustração e um baita vazio. Mas, dizem por aí, que a cada obstáculo, há um aprendizado. E que sempre há algo melhor reservado a quem merece.
Ainda que seja uma forma de consolo como a filosofia de Lacan (supondo que tenha sido ele mesmo), é mais razoável crer que houve sim o fracasso na busca de um desejo do que atribuir ao destino tal fracasso, uma vez que o desejo seria predestinado a ser fantasia ad eternum. Fracassou: Sofra, chore. A marca vai ficar, a cicatriz por vezes é perpétua, mas, ao menos, houve a busca pela Terra do Nunca. Pior seria acreditar desde o início que era apenas fantasia. Só é realmente feliz quem sonha e busca tornar real tal sonho.
"... Viver profundamente e sugar a essência da vida (...) e não, ao morrer, descobrir que não havia vivido."
Parece até que eu sou uma exímia conhecedora de filosofia, mas -pasmem!- eu odiava filosofia quando estava na faculdade e acho que só não levei esse sentimento adiante porque tive a felicidade de só ter um período de ensino filosófico, o que já foi demais para minha mente naturalmente perturbada: Não gostei da idéia de ter alguém que diga que sempre há um motivo para as coisas serem e acontecerem do jeito que são e acontecem. Nunca me agradou esse lance de busca pela razão de ser: Mais fácil compreender que é e ponto final.
Por um lado, acho que a idéia desse filósofo tem nexo, seu "quê" de verdade. Porém, por outro lado, penso que é só mais uma forma besta de encontrar um motivo para que não consigamos tornar reais determinados sonhos. Assim, "você não alcançou seu desejo, que pena, mas olha só: o desejo, para ser desejo, precisa ser inalcançável. Não fique triste, você é filosoficamente humano". Grande contentamento.
É sempre mais fácil encontrar uma explicação (viável ou não) para os desenganos do que admití-los. É mais fácil crer que a fantasia sempre será irreal do que crer que, por algum motivo, aquilo que tanto se deseja não vai se concretizar. Cair na real é difícil mesmo: Dói, traz frustração e um baita vazio. Mas, dizem por aí, que a cada obstáculo, há um aprendizado. E que sempre há algo melhor reservado a quem merece.
Ainda que seja uma forma de consolo como a filosofia de Lacan (supondo que tenha sido ele mesmo), é mais razoável crer que houve sim o fracasso na busca de um desejo do que atribuir ao destino tal fracasso, uma vez que o desejo seria predestinado a ser fantasia ad eternum. Fracassou: Sofra, chore. A marca vai ficar, a cicatriz por vezes é perpétua, mas, ao menos, houve a busca pela Terra do Nunca. Pior seria acreditar desde o início que era apenas fantasia. Só é realmente feliz quem sonha e busca tornar real tal sonho.
"... Viver profundamente e sugar a essência da vida (...) e não, ao morrer, descobrir que não havia vivido."
sábado, outubro 18, 2008
McTerapia
As pessoas têm uma tendência a surpreender. Até aí, ótimo: A vida seria muito sem-graça se tivesse script e roteiro planejados. Estar ciente do futuro é algo que jamais me encheu os olhos. Ruim mesmo é quando as pessoas surpreendem de forma negativa.
Pode não parecer, mas eu tenho uma disposição natural a achar que o mundo é "cor-de-rosa-Hello-Kitty" e que as nuvens são feitas de algodão doce. Tenho uma inclinação a acreditar nas pessoas: No que elas falam, no que prometem, no que pensam, no que fazem. Obviamente, isso é ridículo.
Já tentei mudar, mas há certas nuances da nossa personalidade que não mudam facilmente. Poucas pessoas me conhecem profundamente a ponto de dizer, com certeza plena e absoluta, que todo esse jeito extrovertido, forte e confiante é só uma fachada. Esses me conhecem bem. Eu sou vulnerável, sou utópica, sou incorrigivelmente lírica como um poema parnasiano, acredito nas pessoas e -pasmem!- eu não sou feita de ferro.
Talvez por isso as pessoas julguem que nada é capaz de me atingir e ajam como se no dia seguinte, eu fosse superar determinadas atitudes. Não sou de guardar ressentimentos, mesmo; sou boba até. Mas também não tenho a facilidade de superar adversidades, sejam elas do passado ou do presente. Sabe, uma hora cansa ser legal, acreditar, mergulhar de cabeça. Quebrar a cara dói e é difícil a cicatrização.
É por essas é outras que eu preciso crescer. O mais rápido possível.
[Post totalmente reflexivo, auto-analítico e de "foco umbilical". Não fiquem bolados se acaso eu resolver deletá-lo daqui a um tempo].
Pode não parecer, mas eu tenho uma disposição natural a achar que o mundo é "cor-de-rosa-Hello-Kitty" e que as nuvens são feitas de algodão doce. Tenho uma inclinação a acreditar nas pessoas: No que elas falam, no que prometem, no que pensam, no que fazem. Obviamente, isso é ridículo.
Já tentei mudar, mas há certas nuances da nossa personalidade que não mudam facilmente. Poucas pessoas me conhecem profundamente a ponto de dizer, com certeza plena e absoluta, que todo esse jeito extrovertido, forte e confiante é só uma fachada. Esses me conhecem bem. Eu sou vulnerável, sou utópica, sou incorrigivelmente lírica como um poema parnasiano, acredito nas pessoas e -pasmem!- eu não sou feita de ferro.
Talvez por isso as pessoas julguem que nada é capaz de me atingir e ajam como se no dia seguinte, eu fosse superar determinadas atitudes. Não sou de guardar ressentimentos, mesmo; sou boba até. Mas também não tenho a facilidade de superar adversidades, sejam elas do passado ou do presente. Sabe, uma hora cansa ser legal, acreditar, mergulhar de cabeça. Quebrar a cara dói e é difícil a cicatrização.
É por essas é outras que eu preciso crescer. O mais rápido possível.
[Post totalmente reflexivo, auto-analítico e de "foco umbilical". Não fiquem bolados se acaso eu resolver deletá-lo daqui a um tempo].
terça-feira, outubro 07, 2008
O que eu queria ser quando crescesse
Eu era uma criança meio delirante. Não que não seja mais: Continuo criança e continuo meio delirante. Só que quando a gente é criança, os delírios sobre o futuro são encarados como algo bonitinho, no diminutivo mesmo, que é pra depreciar o plano da criança para seu futuro. Quem é que nunca ouviu:
- Que bonitinho, ela quer ser uma bailarina famosa!
- Que bonitinho, ele quer ser cientista!
Eu queria ser professora-bailarina-advogada. Vendo por um prisma, eu fiz tudo o que eu queria. Fiz balé até o nível profissional e só parei pra me dedicar ao curso de inglês. Aos 17 anos me formei como professora de inglês e vi que esse lance de dar aula com metodologia certinha não é pra mim: Abri mão de ser professora pra me dedicar totalmente à faculdade de Direito. Quando eu tinha 22 anos, me formei, passei com nota 10 na temida prova da OAB e me tornei advogada.
Não fui uma criança de sonhar muito alto. Nunca quis ser famosa, nunca quis ser Madonna e o mais perto que cheguei de me imaginar como Paquita foi dançando pra minha mãe na sala lá de casa. Apesar de gostar de aparecer, fazer parte dos shows de talentos do colégio desde sempre, eu não sonhava muito com o que queria ser. Apenas que queria ser bailarina-professora-advogada. E fui.
Hoje em dia eu fico pensando no que eu poderia ter sido, além de bailarina-professora-advogada. E se, ao invés disso, meu sonho fosse ser modelo-apresentadora-atriz? E se eu não tivesse pensado capitalistamente e tivesse feito sociologia ao invés de Direito? E se eu não tivesse desistido do ballet, da docência, do teatro? E se...?
Uma pessoa muito importante na minha vida dizia que não existe "se". Existe sim, mas não deveria. As pessoas deveriam se preocupar menos com o passado. O livre-arbítrio nos dá uma gama infinita de possibilidades: Se a opção é a porta n° 1, pra quê cargas d'água querer ver o que tinha na porta 2 e na 3? Pra que ver como poderia ser diferente, se a escolha foi feita e o rumo tem que ser o da porta n° 1, ainda que lá dentro tenha um macaco...?
Soa até hipócrita eu falar isso. Logo eu, que -invariavelmente- passo horas pensando no que poderia ter sido. Mas é tão desgastante pensar num passado que não foi e num futuro que não será, que hoje em dia acho mais racional gastar minha energia em pensar como me livrar do macaco da porta n° 1 do que pensar nas coisas que poderia ter ganho nas portas 2 e 3.
Sobre o título do post, ainda dá tempo: Não cresci muita coisa. Do alto dos meus 1.62m, acho que ainda posso querer ser muita coisa quando crescer.
*_*
P.S.: Não sei porquê raios, mas agorinha percebi que meu post anterior sumiu. Esquisito.
- Que bonitinho, ela quer ser uma bailarina famosa!
- Que bonitinho, ele quer ser cientista!
Eu queria ser professora-bailarina-advogada. Vendo por um prisma, eu fiz tudo o que eu queria. Fiz balé até o nível profissional e só parei pra me dedicar ao curso de inglês. Aos 17 anos me formei como professora de inglês e vi que esse lance de dar aula com metodologia certinha não é pra mim: Abri mão de ser professora pra me dedicar totalmente à faculdade de Direito. Quando eu tinha 22 anos, me formei, passei com nota 10 na temida prova da OAB e me tornei advogada.
Não fui uma criança de sonhar muito alto. Nunca quis ser famosa, nunca quis ser Madonna e o mais perto que cheguei de me imaginar como Paquita foi dançando pra minha mãe na sala lá de casa. Apesar de gostar de aparecer, fazer parte dos shows de talentos do colégio desde sempre, eu não sonhava muito com o que queria ser. Apenas que queria ser bailarina-professora-advogada. E fui.
Hoje em dia eu fico pensando no que eu poderia ter sido, além de bailarina-professora-advogada. E se, ao invés disso, meu sonho fosse ser modelo-apresentadora-atriz? E se eu não tivesse pensado capitalistamente e tivesse feito sociologia ao invés de Direito? E se eu não tivesse desistido do ballet, da docência, do teatro? E se...?
Uma pessoa muito importante na minha vida dizia que não existe "se". Existe sim, mas não deveria. As pessoas deveriam se preocupar menos com o passado. O livre-arbítrio nos dá uma gama infinita de possibilidades: Se a opção é a porta n° 1, pra quê cargas d'água querer ver o que tinha na porta 2 e na 3? Pra que ver como poderia ser diferente, se a escolha foi feita e o rumo tem que ser o da porta n° 1, ainda que lá dentro tenha um macaco...?
Soa até hipócrita eu falar isso. Logo eu, que -invariavelmente- passo horas pensando no que poderia ter sido. Mas é tão desgastante pensar num passado que não foi e num futuro que não será, que hoje em dia acho mais racional gastar minha energia em pensar como me livrar do macaco da porta n° 1 do que pensar nas coisas que poderia ter ganho nas portas 2 e 3.
Sobre o título do post, ainda dá tempo: Não cresci muita coisa. Do alto dos meus 1.62m, acho que ainda posso querer ser muita coisa quando crescer.
*_*
P.S.: Não sei porquê raios, mas agorinha percebi que meu post anterior sumiu. Esquisito.
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