sexta-feira, novembro 21, 2008

Perguntei ao tempo quanto tempo o tempo tem...

"Fiz um acordo de coexistência pacífica com o tempo: Nem ele me persegue, nem eu fujo dele. Um dia a gente se encontra." (Mario Lago)


Eu sumi. Mas eu juro que sumi por um motivo extremamente justificável: Falta de tempo. Eu cheguei à conclusão ÓBVIA que, para fazer tudo o que eu preciso fazer em um só dia, o meu dia deveria ter, pelo menos, 36 horas. Pelo menos. Daí eu talvez pudesse dormir algumas horas a mais, talvez não precisasse trazer trabalho para casa, talvez até pudesse ter mais tempo para mim. Sabe, às vezes sinto-me perdida. É tanta coisa pedindo minha atenção ao mesmo tempo que fico meio alucinada. Vontade de dar um berro, mesmo sabendo que um único berro não iria solucionar metade dos meus problemas.


Eu já contei que não sou uma especialista em fazer planos. Mesmo porque, caso os fizesse, eles iriam por água abaixo. Eu não consigo fazer planos para um dia de 24 horas, que dirá para um mês com 720 horas ou para um ano com 8760 horas? Não, não dá. É querer ir além das minhas possibilidades. Admiro muito quem faz planos e sabe o tempo certo para conquistar o topo das suas metas. Invejo, até. Não que eu não tenha objetivos. O que eu não tenho é noção de tempo.


Por que essa história? Primeiro porque precisei justificar a falta de tempo plena e absoluta que levou a me afastar um tempinho daqui. Segundo porque lembrei agora que uma pessoa foi jogar cartas para mim e me perguntava a todo momento "você quer saber alguma coisa, algum plano que você queira saber se vai dar certo?" e eu disse que não. Planos eu até tenho, mas para começar a construir a base para que eles comecem a ter forma, eu preciso de tempo. E aí, quando eu começo a pensar no raio do tempo, qualquer plano vai pro beleléu.


Ah. Antes que essa história do jogo de cartas dê o que falar nos
comentários, já deixo registrado que vou falar disso em outro post. A parada é
interessante demais para ficar restrita àlgumas linhas. Posso adiantar que
jamais havia feito isso e -putz!- me surpreendi horrores!


Enfim. Eu não sei como será a semana que vai começar. Provavelmente tão corrida como têm sido todas as demais. Mesmo porque essa semana tem outro pautão de audiências (e quem já leu meus posts anteriores sabe como um pautão acaba comigo) e tem audiências em lugares longínquos que são piores do que a ilha de Lost. Mas eu dou minha palavra que tento voltar pra contar a história do jogo de cartas. Alucinante. Isso, é lógico, se eu tiver tempo.

:)

domingo, novembro 09, 2008

Do futuro, não sei

Nunca tive atração pelo futuro. Ao contrário de muita gente, nunca ficava imaginando como seria o futuro quando assistia o desenho dos Jetsons, não fazia muitos planos enquanto criança para quando fosse adulta (e os poucos que eu fazia, foram furados) e nem gasto muito tempo pensando no que vai acontecer amanhã, apesar de sofrer por antecipação por determinadas coisas. Mas penso que até o fato de sofrer por antecipação é um jeito de não pensar muito no futuro: Como se eu sofresse agora por não saber se poderei sofrer amanhã.


Mas como ninguém é um todo, eu às vezes me pego pensando no que poderia ter sido. Não com arrepedimento, mas com a prerrogativa que todos têm de pensar num futuro, real ou que ´poderia ter sido. Aquela história do "se": Se eu tivesse agido de uma forma diferente, como as coisas seriam? Se eu tivesse realizado certo trabalho, qual resultado teria? Se eu tivesse falado algo diferente do que eu havia dito, será que as coisas mudariam?


Nunca chego à uma conclusão. Às vezes acho que as coisas têm um rumo certo, independentemente das nossas atitudes. Às vezes concordo que "o leve bater de asas da borboleta pode fazer um furacão do outro lado". As questões do tipo "se" são uma retórica. É pensar, pensar, pensar para chegar a lugar algum. O que não pode ser remediado, remediado está. Caso haja a possibilidade de agir diferentemente em uma situação semelhante, acho válido experimentar todas as possibilidades possíveis.


O "se" não é pensar no futuro. É pensar num pseudo-futuro. É pensar nos riscos, é pensar nas possibilidades. Ainda que tudo já estivesse (e esteja) traçado. Acho que o ser humano depende da certeza de que poderia mudar sua história, caso tivesse agido de forma diferente da que agira. Sentir-se dono de suas escolhas. Para ser pleno, só faltar-lhe-á sentir-se também responsável por elas. "Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas".


Arriscar-se. É hipócrita dizer isso quando eu não tenho coragem de me jogar de cabeça em todas as possibilidades. Mas eu dou minha palavra que estou buscando arriscar-me mais, ter coragem de agir, de questionar, de assumir a responsabilidade pelas minhas escolhas. Ou pelo caminho que já está traçado. Sabe-se lá. São tantas as possibilidades...



"Na plenitude da felicidade, cada dia é uma vida inteira"


segunda-feira, novembro 03, 2008

Depois da tempestade...

Tenho que confessar que, há exatamente três meses atrás, uma tempestade se abateu sobre mim. Sabe aquelas cenas típicas de desenho animado que uma nuvenzinha negra fica pairando sobre a cabeça de uma personagem, chovendo torrencialmente e, para onde quer que a personagem corra, a nuvenzinha permanece flutuando em cima de sua cabeça? Pois é. A personagem era eu.


Estou até admirada. Há pouco tempo atrás eu não imaginava ser capaz de tratar disso tão abertamente. Fiquei totalmente sem rumo depois que terminei meu relacionamento de longos quase 3 anos. Imagine só você viver com alguém, fazer planos com alguém, se estruturar plenamente com alguém e, de repente, esse alguém sai da sua vida? Acho que só não pirei porque tinha muita coisa pedindo minha atenção: Minha avó, que acabou falecendo pouco depois; meu trabalho, que estava (e está) cada vez mais punk... Mas quando eu me via sozinha, era só nessa suposta solidão que eu pensava. E chorava horrores.


Digo "suposta" solidão porque, na verdade, em nenhum momento fiquei sozinha. Deus me deu anjos tortos e sem asas para cuidar de mim. E eles estavam sempre por perto, me ouvindo e consolando, rindo e me fazendo rir. Meus amigos... Acho que a coisa não fluiria tão bem se não fossem eles me carregando para nights, para chopps pós-expediente (e olha que eu não bebo!), me ligando a todo tempo para dizer que estavam pensando em mim ou simplesmente me fazendo companhia em casa, sem fazer nada.


Aí, a tendência é a coisa melhorar, né? E melhorou, melhorou muito. Mas só passou de vez recentemente e (pasmem!) exatamente por um motivo que, talvez, devesse me deixar triste. Quando tive ciência de que, para ele, a fila já tinha andado (não que do lado de cá já não tivesse acontecido experimentos nesse sentido), me senti estranhamente bem, mas tão bem que nem consigo explicar. Estou me sentindo uma pessoa tão radiantemente satisfeita que só não digo que sinto-me completa porque ainda falta determinadas coisas. Mas eu dou minha palavra que estou buscando-as com o maior afinco.


Hoje parece que tudo aconteceu há milênios atrás. Nem parece que, há tão pouco tempo, eu estava me lamentando. É meio irracional: Eu sei porque eu me lamentava, mas só hoje vejo que não valia tudo aquilo. Cada um tem o que lhe cabe. Talvez porque tenha, enfim, percebido que sou top demais em comparação a determinadas coisas. E que ninguém é igual, mas quando existem diferenças demais, não tem como dar certo. Definitivamente.


Essencialmente feliz. É como estou. As coisas estão acontecendo: Colocar liberdade, paixão, intensidade e otimismo nas atitudes é bom por demais. Eu sou assim e estava sentindo falta disso. Estou assim com o mundo.


Penso que a tempestade fez um bem danado: Lavou a alma. Isso é tão nítido que até aqueles que me rodeiam, ultimamente, costumam permear conversas me dizendo que estou mais feliz, mais segura e mais bonita. Mal sabem eles que essa felicidade é de dentro pra fora. E essa é a melhor parte disso tudo.


Em tempo: Esse post ficou tão em tom de confissão, tão pessoal, que ainda estou em dúvida se ele fica ou se sai. Espero que não se importem se acabar decidindo que ele deve sair.

sábado, novembro 01, 2008

Promessas íntimas

Ontem teve (mais) um pautão de audiências da empresa que represento. Para quem não sabe, em um dia de pautão, a gente senta numa cadeira, com um juiz e não sai. E isso vai de 10 horas da manhã às 18 horas da noite. São várias audiências durante o dia inteiro. A gente só fica vendo os clientes que acionaram a empresa entrarem, sentarem, fazerem a audiência e saírem para dar lugar a outros clientes. Quase uma modalidade de revezamento olímpico.


Como represento uma empresa, tenho que ir à audiência acompanhada de um funcionário do jurídico da empresa. Mais freqüentemente do que se pode imaginar, somos ofendidos. As pessoas adoram nos xingar, debochar de nós, gritar conosco. Se eu entendesse de psicologia, podia jurar que era a maneira da pessoa descarregar todo o ódio que tem da empresa, apesar de tal desacarrego acontecer nas pessoas erradas. Não temos culpa dos erros da empresa, só estamos ali representando. Mas quem representa, é de fato. Ao menos é o que devem pensar.


Enfim. Eu costumava me estressar quando acontecia alguma coisa desse tipo. Entendam: Já teve advogado que ameaçou me bater. Eu acabei adquirindo uma postura defensiva que me fazia me aborrecer e elevar meu tom de voz (já altamente sonoro) ao leve sinal de que uma dessas ofensas poderiam acontecer. Só não recebia queixas porque até meu estresse é extremamente profissional: Aborrecia-me dentro dos limites, afinal, eu estava em uma audiência, de frente para um juiz e deveria manter uma determinada postura. Segundo um juiz, eu simplesmente sou uma advogada combativa e que veste a camisa da empresa. Um jeito mais delicado de me chamar de estressada, acho.


Por isso, eu decidi mudar um pouco esse meu jeito. Resolvi, depois de conversar com uma pessoa, que eu passaria a contar até 10 antes de me aborrecer. Logo no primeiro dia que decidi fazer isso, uma advogada disse que eu estava sendo extremamente estúpida em uma audiência. Eu tinha uma resposta pronta para ela, na ponta da língua. Mas contei até 10, me segurei, fechei os olhos e não falei mais nada até o fim da audiência. Saí tão irritada da audiência que dei um soco na parede e fiquei reclamando daquilo infinitamente. Reprimir meus instintos me fez um mal danado. O mau-humor se instalou em mim o resto do dia. Mas passou, como tudo passa.


Ontem, no pautão, prometi que nada me tiraria do sério. Uma das primeiras audiências que fiz foi de uma senhora que mentia descaradamente e eu não me alterei. No meio do dia, uma advogada veio pedir para eu adiantar a realização da audiência dele, que seria três horas depois. Eu disse que não podia, senão atrasaria outras várias pessoas com audiências marcadas na frente da dela. Ela disse que eu era a cara da empresa, que nunca facilitava nada e que estava "me achando demais". Eu não respondi. Eu estava transcedentalmente abstraindo todas as coisas que me fariam responder mal educadamente.


Eis que estou em uma audiência em que o cliente foi incluso nos cadastros de restrição ao crédito por não ter pago uma certa fatura. Ele dizia que tinha recebido 2 faturas no mesmo mês e que optou por pagar somente uma. Seria o correto. Mas o que havia ocorrido é que, no meio do mês, ele havia pedido para migrar de um determinado plano para outro. Ou seja, uma fatura daquele mês veio referente ao período até a migração e outra, referente ao período da migração até o final do mês. Nada mais justo.


Expliquei isso e o advogado do cliente disse que eu era uma mentirosa. Meu sangue começou a ferver, mas eu mantive minha calma. Ele disse que isso era só mais uma forma de enganar os clientes e que eu estava sendo cúmplice nessa farsa. E eu continuei mantendo a calma. Eu pedi para que o cliente, então, mostrasse as faturas para a juíza. Nas próprias faturas havia a menção de que uma se referia do dia 1 ao dia 14 daquele mês e a outra, do dia 15 ao dia 30 do mesmo mês. O advogado, então, segurou as faturas, olhou para mim e disse, gritando, que não iria apresentar nada.


Discutimos, ele dizia que a empresa deveria provar o que estava alegando, eu dizia que a empresa só era obrigada a provar aquilo que a parte autora não tem condições de provar. Uma vez que as provas estavam ali, na mão dele, não havia motivo para a empresa fazer a prova. Ele gritava, dizia que eu era mentirosa, burra, mil coisas. Até que contar até 10 deixou de ser suficiente. Eu elevei minha voz, bati com a mão na mesa, e disse que ele estava omitindo provas, agindo de má-fé, e requeri a Juíza que o obrigasse a apresentar as faturas.


Ela determinou. Ele jogou as faturas na mesa, quase caíram no meu colo. Recuperei a calma e mostrei que as faturas diziam exatamente o que eu havia explicado. Não satisfeito, o advogado disse que tinha várias ações contra a empresa e que ganhava dinheiro em todas. Eu respondi dizendo que isso só mostrava a intenção dele de lucrar, não de resolver o problema. Um modo delicado de chamá-lo de picareta.


Resultado? Lógico que ele perdeu. Azar do cliente, que contratou um advogado destemperado. Eu também perdi, porque acabei descumprindo com a promessa que tinha feito a mim mesma. Mas se, por menos, eu me reprimi e, logo após, dei um soco na parede, imagina só se eu tivesse me reprimido dessa vez?




P.S.1: A promessa continua de pé. Estou fazendo o meu possível, palavra.

P.S.2: Engraçado como, pela primeira vez desde que terminei meu relacionamento, há 3 meses, eu estou me sentindo bem. E não é bem de "vida que segue", não. É bem de muito bem mesmo. Estou me sentindo mais feliz, mais agradável, mais realizada, mais livre, mais interessante de se conviver e muito mais bonita. Nunca pensei que algo desse tipo pudesse me fazer tão bem! Meu ego não pára de agradecer.

P.S.3: Tá, eu sei que está enoooorme o texto. Mas se você chegou aqui e leu tudo, você viu que eu precisava contar minuciosamente para ser bem compreendida...

=]