Quando eu era criança, tinha bem definida em mente a resposta à pergunta que os adultos sempre fazem: "O que você quer ser quando crescer?". Não querendo dar uma de Antoine Saint-Exupery em "O Pequeno Príncipe", mas se tem algo imbecil nos adultos é essa mania de achar que uma criança de 5 anos sabe exatamente o que será quando crescer. Convenhamos, tem gente aí já beirando os 50 anos que ainda não sabe.
Lógico que a criança sabe o que quer ser. Eu dizia que queria ser advogada-professora-escritora-bailarina. Sabia que jamais seria uma arquiteta, já que mal sabia desenhar, nem uma médica, já que odiava ver sangue. No fim das contas, parei de fazer balé ao começar o nível profissional, o que já me dá uma margem do "quase cheguei lá" nesse aspecto. Escrever... Bom, sempre escrevi e nunca deixei de escrever, o que, no sentido literal, faz de mim uma escritora. Não uma autora famosa, mas uma escritora. Aos 17 anos formei-me como professora, comecei a dar aulas e vi que aquilo não era pra mim. Acabei abandonando, mas a formação curricular de professora continua lá. E advogada... Essa sim é a profissão que exerço e o caminho que escolhi. Não seria realizada fazendo outra coisa, nem sendo advogada-professora-escritora-bailarina.
Porém, lembro-me que refleti muito se era Direito mesmo que marcaria no papel nos editais de incrição no vestibular, quando adolescente. É difícil para um adolescente fazer opções, que dirá escolher aquela que -supostamente- será sua profissão e seu meio de sobrevivência pro resto da vida. Pensava em optar por História ou Ciências Sociais. Olhava para a lista de carreiras e me perguntava como alguém poderia optar por Física. Mas acabei escolhendo Direito em todas as inscrições de vestibulares: Algo em mim dizia que aquele era meu destino, se é que destino existe.
Quando me formei na faculdade, há 4 anos atrás, enveredei de cara em um longo curso para Defensoria Pública. Imaginava que seria um jeito de exercer a advocacia e ganhar muito bem para isso. Porém, estava errada. Não era aquilo que eu queria. Eu não queria defender casos fáceis, eu não queria fazer o contato pessoal defensor x cliente. Nada pessoal, mas vi que a minha onda é outra: São os grandes desafios. É a possibilidade de conseguir o impossível, de atingir o inatingível. De descobrir brechas legais para defender o indefensável. E foi aí que descobri: Eu quero ser Juíza. No mínimo, promotora.
Na verdade, quase nunca temos plena e absoluta certeza do que queremos ser. Mas, em geral, sabemos exatamente o que não queremos ser. Uma das poucas certezas que eu tenho é que eu não irei mais crescer. Porém, do alto dos meus 1.62m, eu digo, humildemente, que todos os planos que tenho a realizar podem ser mudados da noite pro dia. Porém, tenho a convicção de que, aquilo que jamais farei, aquilo que jamais serei e aquilo que jamais escolherei -sejam elas ser arquiteta, médica, física ou Defensora Pública- essas sim, são imutáveis.
:)
Um comentário:
Sou assim também, busco o impossível.
Até porque, além do desafio de tentar o mais difícil, quando conseguimos, é muito mais saboroso!
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