segunda-feira, novembro 15, 2010

O país do futuro

Já tem um tempo estu querendo escrever esse post. Mas preferi deixar a época de eleições passar, para não parecer tendenciosa. Agora que as notícias eleitorais estão perdendo páginas em jornais, agora que até a polêmica do Tiririca foi resolvida e o "abestado" vai -contra todas as indicações- entrar para a Câmara dos Deputados, resolvi vir aqui e escrevê-lo.


O texto, ao contrário dos demais daqui do blog, é sério. Pode não agradar à galera que vem aqui, mas sabe quando uma determinada opinião fica presa, pedindo para ser exposta? Pois é. Ela está aqui faz um tempão e eu precisava MUITO libertá-la, sob pena de auto-censura.


Primeiro ponto: Eu acho que o povo brasileiro não sabe votar. Mas não é exclusivamente culpa da população. Digo "exclusivamente" porque, afinal de contas, temos uma parcela ignorante que perfere permanecer alheia à evidências. A população nunca foi dada à leitura, à análise crítica de teorias. Basta ver que os ditos "comunistas" de 1964 sequer haviam lido "O Capital". Aí os caras dizem-se seguidors de Marx e Marcuse sem tê-los efetivamente lido. Ou seja, parte da ignorância está presente na inércia da própria população.


Mas não é somente culpa do povo, não. O Brasil tem um histórico muito parco de eleições diretas. Vejam bem, a ditadura teve fim em 1985 e, ainda assim, Tancredo Neves não foi eleito por via direta. Não foi o cara escolhido pelos cidadãos. Whatever. Na primeira oportunidade que a população teve, de fato, oportunidade de mostrar seu "entendimento político" e eleger um cara para governar um país inteiro, elegeram o Collor (digo "elegeram" porque eu, aos 7 anos de idade, não fiz parte dessa massa ignorante). No primeiro dia do seu mandato, o cara congela as poupanças. O final, todo mundo sabe.


O que quero deixar bem claro é que não existe uma "educação política" para os brasileiros. Brasil não é Estados Unidos, que, desde sempre, tem uma democracia. Brasil enfrentou anos e anos de ditadura. Só temos eleições diretas há 20 anos. Isso é muito pouco para uma população de país continental aprender a votar.


Segundo ponto: Não temos uma tradição política forte. A esquerda de ontem é a política da situação de hoje. A direita de ontem é a oposição de hoje. Esquerda e direita se confundem em coalizões que, ao menos para mim, não têm explicação. Não temos uma divergência nítida, como entre Republicanos e Democratas americanos. Aqui é "todo mundo junto e misturado". É um tal de abrir mão de ideologias próprias para benefício próprio, para aumentar as chances de, enfim, entrar para o Governo... Assim é nossa democracia. É ela que nos faz eleger o "menos pior".


Terceiro ponto (e agora eu me meto na situação política atual, sob pena de linchamento): Eu acredito que estamos vivendo um golpe de Estado velado. Tá bom, vocês podem achar exagero. Eu não me importo. Mas coloco minhas razões (e na verdade, não ligo para discordâncias, a porcaria da teoria é minha).


Existe uma coisa fundamental para a democracia: A existência de uma oposição forte. Uma vez que os maiores partidos tornam-se os partidos da situação, a oposição enfraquece. Sem oposição, ficamos sem reformas políticas, afinal, a pressão sempre vem de fora, nunca de dentro.


Um governo que se coloca no poder por 12 anos acaba enfraquecendo a oposição e fazendo aliados inimagináveis. As reformas que acontecem acabam acontecendo de um jeito conveniente ao Governo e não à população.


Aí você vem e me diz: "Besteira sua, você está partindo da premissa de que a população é suficientemente cega para não enxergar essa manobra". Só digo uma coisa: Quando rolou o AI-5, em 1968, aqueeeele que cassou todos (T-O-D-O-S) os direitos políticos dos cidadãos, foi feita uma pesquisa pelo Dieese com a camada operária (tradicionalmente, a camada que incitava a revolução) e 35% dos operários achavam que a ditadura, naqueles moldes, plena e absoluta, em que ninguém mais tinha direitos políticos, era a chava para o desenvolvimento. Por isso que a "nossa" revolução foi mais estudantil do que operária: Por conta de um "milare econômico" que beneficiava uma só classe, até a classe operária via que o Brasil crscia economicamente. E repaldava esse crescimento na ditadura (e Delfim Neto). Absurdo dos absurdos.


Não podemos deixar, jamais, que a oposição enfraqueça e que todos os benefícios à população sejam criados nos moldes que sejam mais convenientes àqueles que estão no poder. Não podemos deixar de lembrar que o pior cego é aquele que não quer enxergar. Ou que só enxerga aquilo que está a um palmo de seus olhos, não fazendo uma análise crítica do que está ao redor.


Recado dado. E se você leu até aqui, concordando ou não, obrigada: Eu precisava de atenção.

=)

Um comentário:

Anônimo disse...

É isso ai!! PT (Poder a Todo custo) no governo!!!