Estava conversando com um amigo esses dias. Ele me perguntou como eu estava, o que andava fazendo...
- E o coração?
- Batendo, graças a Deus.
- Ninguém para provocar um arritmia?
- Não... Mas bem que às vezes eu acho que ando precisando, sabia?
- Todo mundo, até eu que não tenho um.
- Não tem um? Tem dois?
- Nenhum. Acho que tenho um fígado extra.
x . x . x
Eu tenho um coração. E um fígado. E basta um só de cada. O exagero, na maioria das vezes, torna a coisa meio sacal. Pensa bem: Se, tendo um só fígado, eu ajo como se o pobrezinho fosse resistente a qualquer coisa, imagina se tivesse dois fígados? Provavelmente eu seria a Heleninha Roitman uploaded version (se você tem menos de 25 anos e nunca ouviu falar dessa pessoa, google it.). A mesma coisa acontece se eu tivesse dois corações: Com apenas um coração, eu já faço burradas homéricas (depois eu falo "coração burro!", mas, na verdade, a burra geralmente sou eu, ele só sofre as consequências dos meus atos), imagine se eu tivesse dois corações? Eu seria a personificação da leviandade.
Porém, e se eu não tivesse um fígado? Acho que seria até sem-graça nunca ter sofrido dor no figado depois de passar uma noite inteira bebendo e rindo com os amigos. É aquele tipo de dor que dá, mas a gente acaba até dando um sorrisinho meio de lado, só de lembrar como foi divertida a noite anterior. Dor de ressaca (não de ressaca moral, porque essa é o inferno!), mas de ressaca divertida. Parece futilidade, mas alguém há de entender o que eu estou falando (ainda que seja só a Heleninha Roitman).
E se eu não tivesse um coração? Como eu saberia que um dia vou ter um ataque cardíaco, em plena arquibancada do Maracanã, assistindo um jogo mega tenso do meu Flamengo? Como eu saberia que dor de amor é a maior aflição que se pode ter, mas que passa quando menos se espera? Como eu saberia o que é um amor incondicional, aquela coisa que faz com que você dê sua própria vida pela vida de alguém que se ama? Como eu saberia o que é sentir o coração bater mais forte com uma coisa aparentemente boba, como um olhar? Como eu saberia o que é sentir uma saudade tão forte que aperta o peito até doer?
Na maior parte das vezes, eu não sei o que fazer com o meu coração. Sinto vontade, muitas vezes, de substituí-lo por um outro cérebro (vai que com 2 cérebros eu passe a pensar 2 vezes antes de agir...?). Mas de quê adianta ser tão absolutamente racional sem qualquer emoção? Para isso existem máquinas (e a maior tristeza do robô, não se esqueçam, é não ter um coração). O ideal é equilibrar cérebro e coração: A tal inteligência emocional. Mas se a inteligência emocional fosse conferida a todo mundo, o que seriam dos poetas, dos boêmios, dos amores platônicos, das novelas mexicanas...? Já dizia Fernando Pessoa, "só as criaturas que nunca escreveram cartas de amor é que são ridículas".
[ Quanto ao meu fígado, eu não sei o que fazer, mas ao menos sei o que não fazer: Não doá-lo quando eu morrer. Ninguém merece dor no fígado pós-ressaca por culpa de uma defunta. ]
:)
quarta-feira, outubro 21, 2009
domingo, outubro 04, 2009
Padronização
Posso dizer uma coisa, com a mais plena e absoluta certeza, ainda que não concorde um milímetro com a futilidade dessa certeza: Garota, nunca duvide do poder de um salto 'a mais' e de uns quilos 'a menos'.
É uma constatação da ditadura do padrão que seguimos hoje. Se não há encaixe em qualquer padrão (qualquer que seja, seja ele de cultura, de beleza, de comportamento), há a grande possibilidade de ser visto como um alien. Na pior concepção da coisa. Uma pessoa pode ir para o mesmo lugar, vestindo a mesma roupa, mas vai fazer uma baita diferença se um dia ela for com um salto alto e com 3 kgs a menos e no outro ela tiver 3 kgs a mais e uma rasteirinha no pé. Besteira? Também acho. Mas isso é fato e eu não estou contando por 'ouvir dizer', estou dando um testemnho ocular.
Aí depois de ver o "guru" Mr. Catra cantando que 'uma gordinha faz muito mais na cama que uma magrinha' e que 'quer me seguir, bota um chip na minha p...'; de ver uma menina subindo no palco para dançar funk com um microvestido que ela levantava até a barriga toda hora (e não era 'sem-querer', ela levantava e caía na risada); de presenciar o diálogo "-Você vai ficar com esse cara? Ele é tão inferior a você, não tem cultura, nada a ver!' como se um beijo fosse uma promessa de casamento, eu percebi que eu sou um alien.
Posso estar incluída no padrão de comportamento (com alguns deslizes, senão perde a graça) e de cultura (repare que sequer me incluí no padrão de beleza, sou consciente), mas muitas vezes eu olho em volta e me pergunto de quê planeta vieram certas pessoas. Todavia, esses 'comportamentos' estão tão bem estruturados num padrão (ainda que não seja de um padrão de alto nível), que eu me pergunto de quê planeta eu vim e o que eu estou fazendo perdida por aqui.
Infelizmente, a cultura atual é repleta de padrões de aceitação. Na verdade, determinadas situações exigem um determinado padrão e isso faz com que uma pessoa possa ser tantas e tantas ao mesmo tempo. A versatilidade pode ser interessante. Mas é sacal não se saber exatamente, entre tantas pessoas que uma só pessoa pode ser, qual delas ela é, de fato.
OK, sinto que estou me enrolando. Efeito de (muito) álcool, um pouco de Quintana e sono atrasado nas idéias. Mesmo porque (e aqui eu confesso), chegar às 06:20 da manhã, comer cachorro-quente na rua de café-da-manhã, sentir-se um caco de tanto dançar e acordar às 14:00 da tarde pode não ter preço. Essa vida 'normal' tava me fazendo falta.
:)
É uma constatação da ditadura do padrão que seguimos hoje. Se não há encaixe em qualquer padrão (qualquer que seja, seja ele de cultura, de beleza, de comportamento), há a grande possibilidade de ser visto como um alien. Na pior concepção da coisa. Uma pessoa pode ir para o mesmo lugar, vestindo a mesma roupa, mas vai fazer uma baita diferença se um dia ela for com um salto alto e com 3 kgs a menos e no outro ela tiver 3 kgs a mais e uma rasteirinha no pé. Besteira? Também acho. Mas isso é fato e eu não estou contando por 'ouvir dizer', estou dando um testemnho ocular.
Aí depois de ver o "guru" Mr. Catra cantando que 'uma gordinha faz muito mais na cama que uma magrinha' e que 'quer me seguir, bota um chip na minha p...'; de ver uma menina subindo no palco para dançar funk com um microvestido que ela levantava até a barriga toda hora (e não era 'sem-querer', ela levantava e caía na risada); de presenciar o diálogo "-Você vai ficar com esse cara? Ele é tão inferior a você, não tem cultura, nada a ver!' como se um beijo fosse uma promessa de casamento, eu percebi que eu sou um alien.
Posso estar incluída no padrão de comportamento (com alguns deslizes, senão perde a graça) e de cultura (repare que sequer me incluí no padrão de beleza, sou consciente), mas muitas vezes eu olho em volta e me pergunto de quê planeta vieram certas pessoas. Todavia, esses 'comportamentos' estão tão bem estruturados num padrão (ainda que não seja de um padrão de alto nível), que eu me pergunto de quê planeta eu vim e o que eu estou fazendo perdida por aqui.
Infelizmente, a cultura atual é repleta de padrões de aceitação. Na verdade, determinadas situações exigem um determinado padrão e isso faz com que uma pessoa possa ser tantas e tantas ao mesmo tempo. A versatilidade pode ser interessante. Mas é sacal não se saber exatamente, entre tantas pessoas que uma só pessoa pode ser, qual delas ela é, de fato.
OK, sinto que estou me enrolando. Efeito de (muito) álcool, um pouco de Quintana e sono atrasado nas idéias. Mesmo porque (e aqui eu confesso), chegar às 06:20 da manhã, comer cachorro-quente na rua de café-da-manhã, sentir-se um caco de tanto dançar e acordar às 14:00 da tarde pode não ter preço. Essa vida 'normal' tava me fazendo falta.
:)
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